Desde 2009, quando estreou com “Sweet Jardim”, a cantora Tiê sempre foi capaz de expressar, sem rodeios, a confusão que é presente, passado e, por vezes, o futuro. Como um álbum de fotografia, na qual cada imagem permanece no presente, mesmo que esteja anos no passado – ao olhá-las, volta-se no tempo, o presente passa a ser outro, aquele de anos atrás, congelado, imaculado.

Há algo nos versos de Tiê que tratam de temas íntimos, não importa a roupagem, do folk de início ao pop mais estruturado do disco mais recente, “Gaya”, do ano passado. Todas as canções de Tiê vêm de uma mesma nascente – e ela está do lado esquerdo do peito.

Com isso, entre lembranças e memórias, a cantora caminha por um show seguro, de conexão imediata com um público já volumoso diante dela, embora o sol siga a castigar àqueles sem protetor solar – já no terceiro dia de Lollapalooza, chegar ao Autódromo de Interlagos, sem algo para proteger a pele é simplesmente uma bobagem.

Nessa progressão em direção ao pop, Tiê mostrou no Lolla que percorre um caminho acertado. Seu show tem ritmo, suingue, na mesma dosagem que a reflexão que seus versos provocam. Suas canções se equilibram entre a melancolia e a delícia de viver um novo amor.

Com isso, ela percorre sua discografia, toca “Mexe Comigo”, “Isqueiro Azul” e “Amuleto”. Quando chama por “A Noite”, sua música mais popular, ela coordena um dos maiores coros do festival, dentre os artistas brasileiros.

E o Lollapalooza, um festival massivo, só reverbera de forma positiva a opção da cantora por se enveredar por um ambiente pop. Suas canções chegam mais fácil agora, de forma direta, apoiadas em um contágio pelo ritmo. Ainda nascem do mesmo lugar, mas a mensagem tem mais alcance.

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