Lobão, 67, está longe do debate político, ou pelo menos “politiquês”, há algum tempo. O músico, que chegou a ser uma das vozes ativas da direita brasileira, na qual apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro em 2018, e depois chegou a criticá-lo, agora se vê em nenhum lado, e ainda ironiza sobre o assunto.
“Eu fujo do que é cafona, eu sou esteta… Eu sempre detestei política. Música de cunho político eu sempre achei cafona. Eu sou muito desapegado. Eu sou o único artista, que eu conheço, que pode ser de direita, ser de esquerda, porque eu sou baterista, na minha cabeça. Eu não sou nada, eu sou um traidor”, disse à ISTOÉ.
Lobão concede entrevista à #ISTOÉGENTE e afirma não ser nem de esquerda, nem de direita. Assista: pic.twitter.com/zewh5zbXPZ
— Revista ISTOÉ (@RevistaISTOE) August 5, 2025
O artista ressalta que ele não cabe em nada e que quer acabar com estereótipos. E afirmou que direita e esquerda vieram do positivismo.
“O ateu é um crente do nada. E ser crente do nada é de uma pernosticidade incrível. Você decreta um statement do qual 1% da sua capacidade é available de perceber o mundo. É óbvio que existe uma divindade. Você não pode ficar nas amarras do positivismo”, criticou.

Lobão em show no Capital Moto Week 2025 – Foto: Divulgação
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Novo álbum de Lobão
Há dez anos sem lançar um álbum, Lobão está prestes a colocar no mercado um trabalho com músicas inéditas, chamado de “Vale das Estranhezas”.
“Eu estava vendo sobre uma síndrome chamada ‘vale da estranheza’. Eu achei esse nome poético. Tinha um cara no Japão que construiu um robô igualzinho a ele. E essa síndrome diz que quanto mais semelhante algo é estruturalmente diferente de nós, mas externamente idêntico, mais vale da estranheza isso ocorre. Aí eu pensei, cara isso dá um disco conceitual.”
O músico também associou o tema do álbum ao chamado “êxodo do algoritmo” e disse que busca esse público que quer algo fora do “programado” para ser consumido.
“O algoritmo está idiotizando, é uma autofagia. Porque tudo tem que agradar e tem que fazer like e deslike.”
Ele diz que o disco está poderoso, com música pesada, densa, e com brasilidade. Outro toque será a adoção de viola caipira.
“Estou em movimento, sempre estarei em movimento. Eu vivo de novidade. As pessoas ficam falando que o rock está morto. Não. Quando eu olho para mim no espelho eu falo: o rock está muito bem. O rock está vivo em mim.”
A partir de setembro de 2025, a banda terá uma música nova como lançamento para os shows; em novembro, um samba; e em janeiro, o terceiro single. O álbum receberá também um formato em vinil, com lançamento previsto para março de 2026.
Lobão Power Trio
Atualmente, Lobão toca em formato power trio, com Guto Passos (baixo) e Willian Paiva (bateria). O show no Capital Moto Week, que ocorreu no dia 31 de julho, invadiu a carreira e clássicos de décadas do vocalista. Além da energia forte dos anos 1980, a apresentação contou com variações entre uma pegada mais pesada e momentos com viola caipira.

Lobão Power Trio – Foto: Mauro Balhessa/IstoÉ
O jornalista viajou a Brasília a convite do Capital Moto Week*