Havia forte tensão – velada – nas relações que publicamente se mostravam tranquilas entre o papa Francisco e seu antecessor, o papa emérito Bento XVI, que renunciou ao pontificado em 2013 – as arestas seguiram mesmo com Bento tendo se afastado por motivos de saúde. Isso é o que se depreende da leitura de Nada além da verdade – minha vida com Bento XVI, escrito pelo arcebispo Georg Gänswein. Desde 2002, ele foi secretário particular do papa falecido recentemente: Joseph Ratzinger, nome que segue sendo respeitado como um dos principais teólogos da Igreja Católica — e essencialmente conservador. Sério ponto de discórdia entre ambos foi a obrigatoriedade das celebrações de determinadas missas em latim. Francisco revogou decretos de Bento que impunham essa regra. Em outro episódio, ocorrido em 2020, o choque foi ainda maior, segundo o livro do arcebispo. Quando Francisco manifestou-se favorável à flexibilização do dogma do celibato, Bento protestou. O papa afastou, então, Gänswein de suas funções executivas como prefeito da Casa Pontifícia da Santa Sé. Nessa ocasião, Bento teria confidenciado ao seu secretário particular de tantos anos: “Francisco não confia mais em mim”.

Fã de Pink Floyd

Na obra Nada além da verdade – minha vida com Bento XVI, o arcebispo Georg Gänswein afirma que, em sua opinião, na juventude (hoje ele está com 66 anos) foi “um pouco rebelde para os padrões do conservadorismo”, ao usar “cabelos longos e ser fã de Pink Floyd” (foto).

BRASIL
A Academia se une a Lula no combate à fome

ESPERANÇA Insegurança alimentar: intelectuais se mobilizam (Crédito:Lalo de Almeida)

Uma das prioridades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva é a criação de políticas públicas e ações sociais no combate à fome no Brasil — cerca de 33 milhões de pessoas vivem em algum grau de insegurança alimentar, o que equivale a 14% da população. Em breve Lula ganhará o apoio prático de acadêmicos.
A Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, juntamente com quinze universidades brasileiras, Embrapa e mais instituições de outros países (dentre eles, Canadá, EUA e Inglaterra) inaugurará o Instituo Nacional de Ciência e Tecnologia de Combate à Fome. A Academia e o governo caminharão juntos.

DEMOGRAFIA
Os temores do governo chinês

QUEDA China: população diminuiu 850 mil habitantes (Crédito:NICOLAS ASFOURI)

A população da China diminuiu cerca de 850 mil habitantes: hoje ela é de 1,4 bilhão de pessoas, segundo o Escritório Nacional de Estatística, em Pequim. Os dados dizem respeito ao final do ano passado em relação a dezembro de 2021 – deve-se tal queda ao envelhecimento dos chineses. O governo teme que a desaceleração demográfica prejudique o crescimento econômico e pressione as finanças públicas do país – em 2022 o PIB cresceu 3%, enquanto a meta oficial fora fixada em 5,5%. Desde 1960 (década em que houve a grave crise da fome devido à desastrada política agrária do ditador comunista Mao Tse-Tung a população não refluía. Em 2016 o governo suspendeu o sistema de planejamento familiar que permitia um único filho por casal. Hoje é permitido gerar três filhos.


DITADOR Mao Tse-Tung: desastrada política agrária na década de 1960 (Crédito:Divulgação)

NOVA ZELÂNDIA
Jacinda anuncia renúncia ao cargo de premiê

Muito bom seria se o mundo tivesse mais políticos a exemplo de Jacinda Kate Laurell Ardern, de 42 anos. Ela deixará o cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia no dia 7 de fevereiro, após quase seis anos de mandato e oito meses antes das eleições. Ao ser indagada sobre o motivo de sua renúncia, respondeu de forma jocosa: “não tenho combustível suficiente no tanque”. Jacinda ganhou reconhecimento internacional ao demonstrar sua competência política e senso humanitário no momento mais difícil da pandemia, em meados de 2021. Com firmeza, ela tomou decisões baseadas nas determinações científicas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que evitou a morte de milhares de pessoas. E também enfrentou energicamente problemas internos: recessão econômica, atentado à mesquita de Christchurch e as consequências da erupção de um vulcão. Jacinda, a política mais jovem a ser eleita na Nova Zelândia, teve a sua popularidade arranhada pelos negacionistas, mas o seu legado de seriedade já é histórico.

DE SAÍDA
Jacinda Ardern: enfrentamento da pandemia com seriedade
e senso humanitário (Crédito:MARTY MELVILLE)