“O Centenário de Domingos Giobbi e o Nascimento da Aventura Brasileira em Alta Montanha”, biografia de Domingos Giobbi escrita por Cícero Augusto Vieira Neto, nasceu de uma forte conexão pessoal e do resgate de um passado marcante. A relação entre mestre e aluno começou em 1988, quando Cícero, então com 16 anos, participou do tradicional curso de montanhismo do Clube Alpino Paulista (CAP).
Giobbi, que fundou o CAP em 1959 para formar novos escaladores e estimular o esporte no Brasil, era um verdadeiro pioneiro. Cícero relembra a primeira aula:
“Giobbi discorreu com eloquência e paixão sobre a história e a filosofia do alpinismo. Ele costumava dizer que o seu papel era o de inspirar as novas gerações, e que isso era mais difícil do que ensinar as técnicas.”
Resgate pessoal e histórico
Décadas mais tarde, o desejo de escrever a obra surgiu da necessidade de Cícero de se reconectar com a própria história. “Eu fui um montanhista bastante ativo dos 15 aos 25 anos, vivendo experiências que me marcaram profundamente. O desenvolvimento da biografia de Giobbi me ajudou a resgatar um passado cheio de boas lembranças,” afirma o autor.
O projeto ganhou corpo com o objetivo de honrar o centenário do mestre, descrevendo suas “conquistas absolutamente pioneiras e ousadas”.
A pesquisa foi baseada em um acervo precioso guardado pela família e pelo CAP. Giobbi era meticuloso e costumava guardar “absolutamente todos os documentos de montanha” que chegavam às suas mãos. Cícero realizou uma curadoria minuciosa, digitalizando o material mais valioso, incluindo cerca de 600 fotos.
Viagem do tempo no Peru
Esse mergulho documental levou o autor a uma expedição prática. Em maio de 2025, Cícero e mais três amigos do CAP viajaram à Cordilheira Branca, no Peru, com o objetivo de escalar três montanhas conquistadas por Giobbi 60 anos antes.
O grupo decidiu inclusive repetir a forma como Giobbi fazia o trajeto: “Quisemos fazer o percurso de 8 horas de ônibus, pois era assim que Giobbi fazia. Nós queríamos ter a mesma visão que Giobbi teve na década de 1960”, conta.
O legado ininterrupto
Apesar do vínculo pessoal, a obra é inteiramente factual e concentra-se exclusivamente na história de Giobbi como montanhista. O livro explica e contextualiza as diversas conquistas do pioneiro no Peru, esperando que outros escaladores brasileiros se sintam animados a repetir as ousadas escaladas.
Para o autor, o maior legado de Giobbi continua vivo no Clube Alpino Paulista e nas centenas de escaladores formados pelo tradicional Curso Básico de Montanhismo (CBM), ministrado de forma ininterrupta por mais de 60 anos.
Inspirado pelo projeto, Cícero já projeta novos rumos: “Gostaria muito de voltar à Cordilheira Branca em 2026!”.
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