O ataque do Liverpool que vai enfrentar o Flamengo neste sábado faz referência às clássicas escalações com três atacantes: Salah, Firmino e Mané. Isso significa dois atacantes pelas laterais do campo e um centroavante na área. Na final do Mundial do Clubes, o melhor time da Europa resgata uma figura meio desprestigiada nas últimas décadas no País: o ponta.

“Klopp é um dos grandes treinadores do mundo. É um criador. O time dele joga em um 4-3-3 diferente. Ele é diferente”, disse o português Jorge Jesus, elogiando o rival do Liverpool.

No esquema do time inglês, Firmino faz a função de pivô para tabelas ou triangulações, oferece profundidade necessária para prender os zagueiros e flutua, vindo buscar o jogo no meio de campo. Os pontas também fazem mais de uma função. Eles podem “cair” por dentro puxando a marcação dos laterais e criando espaços.

O holandês Johan Cruyff, falecido em 2016, costumava criticar os jornalistas afirmando que eles confundem velocidade com visão de jogo. “Se eu começar a correr antes que os outros vou sempre parecer mais rápido”, dizia. Isso explica como funciona o método de jogo do Liverpool. Os passes do time inglês sempre percorrem longas extensões, quase nunca com bolas rifadas. E os pontas sempre começam a correr antes.

Existem outros exemplos. O técnico Tite usou Everton como ponta para vencer a Copa América. David Neres, do Ajax, Douglas Costa, da Juventus, também correm pelos lados. “A figura do ponta sempre vai ser importante. Ela está associada à velocidade, ao drible e à procura por espaços em uma faixa do campo com menos atletas”, diz Zé Sérgio, um dos grandes ponteiros de sua geração.

Júnior Chávare, diretor das divisões de base do Atlético Mineiro, revela que a demanda por pontas cresceu nas categorias de base. “Os clubes foram buscando, ou até mesmo adaptando, atletas que preenchem os requisitos dessa posição”, diz.