O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), criticou a articulação do governo no Congresso Nacional e pediu maior participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas conversas. A declaração foi dada na tarde desta quinta-feira, 25, em entrevista à GloboNews.

Sem citar a polêmica com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Lira reafirmou a falta de base para o Palácio do Planalto em pautas sensíveis. Ele ainda se mostrou incomodado com os vetos em projetos aprovados pela Câmara e acusou o governo de quebrar acordos.

“As diferentes emendas são fruto das negociações. Nem as emendas, negociações e nem cargos facilitaram a formação da base, mas é a questão de votações, de textos. As mais importantes pautas foram votadas sem que o governo tivesse base”, afirmou.

“Em alguns temas mais sensíveis, o governo não tem base. Quando esse tema volta com 30 vetos, o parlamentar relator se sente enganado com aquilo que acordou para não ter vetos”, concluiu.

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Nas últimas semanas, a tensão entre Lira e Padilha aumentou após o presidente da Câmara chamar o ministro de “incompetente” e admitir que ele era seu “desafeto pessoal”. Na terça-feira, 23, porém, Arthur Lira recusou e disse ter errado ao fazer o comentário.

Em entrevista, Lira cobrou a participação de Lula nas negociações e pediu maior leitura do chefe do Planalto na escolha das articulações.

“O que eu sempre tenho falado com o presidente Lula é que é imprescindível que o presidente se envolva no recebimento dos parlamentares. Quanto mais ele se envolve, mais ele sabe a temperatura das coisas”, disse o presidente da Câmara.

Arthur Lira ainda minimizou as cobranças de Lula para que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tivesse maior diálogo com o Congresso Nacional. Em evento, o petista disse que Haddad “deveria ler menos e conversar mais com deputados e senadores”.

A primeira resposta à Lula aconteceu na quarta-feira, 24, quando Fernando Haddad foi à Câmara e ao Senado entregar o primeiro projeto que regulamenta a Reforma Tributária. Após o ato, Lira afirmou que Haddad lê muito, mas também mantém um bom diálogo com os deputados.

“O gesto de Haddad ontem foi muito respeitoso com a Câmara. O ministro pode ler muito, mas conversa muito com a Câmara também”, declarou.