Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira que cabe ao deputado Luís Miranda (DEM-DF) provar suas declarações à CPI, segundo as quais o presidente Jair Bolsonaro teria se referido ao líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR), quando foi informado de possíveis irregularidades no processo de importação da vacina Covaxin.

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Após o depoimento de Miranda à CPI na última sexta-feira, e de seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, o vice-presidente da CPI da Covid do Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e outros dois senadores apresentaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime por prevaricação contra Bolsonaro.

“A declaração do deputado Miranda é dele, a responsabilidade de comprovar o que disse também”, disse o presidente da Câmara a jornalistas.

“A CPI vai ter oportunidades de andar com esse assunto. E se a CPI, com as notícias que nós tivemos hoje, decidiu judicializar a denúncia contra o presidente da República, ela sai da esfera política e vai para a esfera técnica, judicial. É esperar agora as informações que vão para a PGR e esperar o posicionamento do procurador e a gente acatar o que o procurador decidir. A questão agora virou judicial.”

Randolfe também disse ter assinaturas suficientes para prorrogar por mais de 90 dias os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Ao identificarem e relatarem pessoalmente suas suspeitas de irregularidades na compra da Covaxin a Bolsonaro, os irmãos Miranda ouviram do presidente avaliação que o caso era “grave” e poderia ter o envolvimento de um parlamentar.

No depoimento da sexta-feira à CPI, questionado por muitos senadores, e após responder repetidas vezes que não se lembrava, Luís Miranda admitiu que o nome a que Bolsonaro se referia era o do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Miranda chegou a se emocionar e manifestou sua preocupação com eventuais consequências por revelar o nome.

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