Lira anuncia grupo de trabalho para discutir projeto de mineração em terras indígenas

Lira anuncia grupo de trabalho para discutir projeto de mineração em terras indígenas

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou a criação de um grupo de trabalho para discutir o projeto que prevê a liberação da mineração em terras indígenas, após dizer que não houve acordo para a votação da proposta pelo plenário da Casa nesta quarta-feira.

Em declaração em plenário, Lira disse que esse grupo vai debater o assunto nos próximos dias para que a proposta retorne ao plenário para votação na primeira quinzena de abril.

“Nós iremos autorizar a formação de um grupo de trabalho, em tese, composto de 20 deputadas e deputados na proporção de 13 membros da maioria e 7 da minoria com prazo acertado com líderes da base e da oposição para que em 30 dias o projeto venha a plenário… mais ou menos entre o dia 12 e 14 (de abril)”, disse.

Lira afirmou que esse foi o acerto costurado em reunião de líderes mais cedo e destacou que o grupo de trabalho “pode e deve melhorar” o texto do projeto de lei. Ele fez questão de ressaltar que a presidência da Câmara não tem compromisso com o mérito da proposta.

Ainda assim, o presidente da Casa disse que vai ser votado nesta quarta o requerimento de urgência apresentado mais cedo pelo líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), mas ressalvou que isso não vai modificar o acordo feito.

Em tese, a aprovação do requerimento de urgência poderá permitir que a proposta vá à votação no mérito diretamente em plenário sem a necessidade de passar pelas comissões.

“De maneira alguma (será) atropelado o acordo da formação do grupo de trabalho, do prazo estabelecido, membros encaminhados”, garantiu Lira, que logo após o anúncio deixou o comando dos trabalhos da Câmara.

A decisão ocorreu no dia em que importantes artistas brasileiros estiveram em Brasília com autoridades para defender pautas ligadas ao meio ambiente.

BOLSONARO

O tema já vinha sendo defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e aliados, mas ganhou proporção com a movimentação de Barros pela coleta das assinaturas necessárias para a apresentação do requerimento que confere o regime de urgência de tramitação à proposta.

Bolsonaro voltou à carga a favor do projeto usando a guerra na Ucrânia como justificativa, diante do impacto no fornecimento de fertilizantes ao Brasil, uma vez que a Rússia é importante exportadora do produto ao país.

O Brasil importa cerca de 85% do seu consumo de fertilizantes, incluindo potássio, que enfrenta um “gargalo” maior em função do conflito. No caso dos potássicos, as compras externas do país somam 96% do consumo.

Entretanto, estudos apontam que menos de 2% dos pedidos de exploração de minerais usados em fertilizantes –potássio e fosfato– focam, hoje, terras indígenas, enquanto a maior parte das reservas está em áreas fora do bioma amazônico.

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