18/03/2022 - 9:30
Baseado em uma história real.
Julia, a vítima.
Numa noite de sexta-feira, Julia 20 anos, saiu com os amigos.
No esquenta da balada, comprou uma cerveja de um vendedor ambulante.
Passou o cartão na maquininha e digitou a senha.
Achou estranho o fato de a maquininha ter a tela apagada.
— Ah…agora já foi. – pensou.
Minutos depois, graças ao esforço constante da Central de Segurança do banco, Julia recebeu uma mensagem no celular informando que o banco havia bloqueado “uma compra suspeita no valor de R$ 3.000,00”.
Ao ler a mensagem, Julia pegou o cartão e, onde deveria estar seu nome, estava o de um tal de “Murilo Lopes Bueno”. O vendedor, habilmente, havia trocado o cartão de Julia por outro roubado na semana anterior.
Os amigos acalmam Julia.
— Tranquilo, Ju! O banco bloqueou a compra.
No dia seguinte, Julia liga para a Central de Segurança do banco para se certificar de que o débito não será realizado.
A atendente do telemarketing, informa que a ligação está sendo gravada para a segurança de Julia. Em seguida, pergunta se ela digitou sua senha quando o ambulante ofereceu a maquininha do cartão.
— Sim…eu até reparei que não tinha valor nenhum na tela…que burra que eu sou, né? Mas olha, fiz um B.O.
online, tá?
A atendente, então, informa que o banco abrirá uma investigação e que retornarão o contato em no máximo sete dias.
Comunica ainda que o cartão roubado está cancelado e que um novo já foi emitido.
Ao desligar, Julia conclui que a investigação vai, obviamente, cancelar o débito ao apurar que aquele valor é incomum para ela, além do fato de ter informado que foi roubada, como está no B.O. online.
Não é o que acontece.
Na fatura do cartão, vinte dias depois, consta o débito de R$ 3.000. O banco alegou que a operação não foi cancelada pois a transação foi feita com a senha correta. Para Julia só resta pagar a fatura.
Eliseu, o ladrão.
Eliseu, 43, trabalha no ramo do estelionato há mais de 20 anos.
Golpes pequenos, aqui e ali.
Ultimamente, vem aplicando o da maquininha de cartões com razoável sucesso.
Naquela sexta-feira, chegou em casa com 12 cartões na mochila.
Com R$ 3.000 por golpe são R$ 36.000 em 4 horas de trabalho.
— Nem engenheiro ganha isso, é ou não é? – riu enquanto abria uma cerveja para ele e para a mulher.
Precisamos falar sobre o misterioso golpe do cartão de crédito
Eliseu sabe que não vai ganhar tudo isso. Apenas umas cinco operações vão ser efetivamente pagas. As outras a Central de Segurança dos bancos bloqueia, porque sabem que aquela molecada não costuma gastar tanto no cartão. Fora que alguns até fazem B.O. online.
— Mas já tá bom, né?
A conclusão.
No ano passado, Julia deu um presente de aniversário para a mãe que custou mais ou menos uns R$ 1.500.
Quando estava comprando, por ser um gasto atípico a compra também foi bloqueada. Julia teve que ligar para a Central de Segurança do banco para liberar o gasto.
Maior mico na loja.
Se não ligasse, não conseguiria comprar o presente.
Mas também não teria que pagar o valor na fatura.
Então vejamos: se o banco bloqueou a compra com Eliseu, se Julia não reconheceu o gasto, se houve uma investigação e um Boletim de Ocorrência, se Eliseu não recebeu o produto de seu roubo e, mesmo assim, Julia pagou o valor na fatura do mês, alguém pode explicar onde foi parar o dinheiro?
Nenhuma desconfiança.
Apenas um esclarecimento para nossa segurança.