Baseado em uma história real.

Julia, a vítima.

Numa noite de sexta-feira, Julia 20 anos, saiu com os amigos.

No esquenta da balada, comprou uma cerveja de um vendedor ambulante.

Passou o cartão na maquininha e digitou a senha.

Achou estranho o fato de a maquininha ter a tela apagada.

— Ah…agora já foi. – pensou.

Minutos depois, graças ao esforço constante da Central de Segurança do banco, Julia recebeu uma mensagem no celular informando que o banco havia bloqueado “uma compra suspeita no valor de R$ 3.000,00”.

Ao ler a mensagem, Julia pegou o cartão e, onde deveria estar seu nome, estava o de um tal de “Murilo Lopes Bueno”. O vendedor, habilmente, havia trocado o cartão de Julia por outro roubado na semana anterior.

Os amigos acalmam Julia.

— Tranquilo, Ju! O banco bloqueou a compra.

No dia seguinte, Julia liga para a Central de Segurança do banco para se certificar de que o débito não será realizado.

A atendente do telemarketing, informa que a ligação está sendo gravada para a segurança de Julia. Em seguida, pergunta se ela digitou sua senha quando o ambulante ofereceu a maquininha do cartão.

— Sim…eu até reparei que não tinha valor nenhum na tela…que burra que eu sou, né? Mas olha, fiz um B.O.

online, tá?

A atendente, então, informa que o banco abrirá uma investigação e que retornarão o contato em no máximo sete dias.

Comunica ainda que o cartão roubado está cancelado e que um novo já foi emitido.

Ao desligar, Julia conclui que a investigação vai, obviamente, cancelar o débito ao apurar que aquele valor é incomum para ela, além do fato de ter informado que foi roubada, como está no B.O. online.

Não é o que acontece.

Na fatura do cartão, vinte dias depois, consta o débito de R$ 3.000. O banco alegou que a operação não foi cancelada pois a transação foi feita com a senha correta. Para Julia só resta pagar a fatura.

Eliseu, o ladrão.

Eliseu, 43, trabalha no ramo do estelionato há mais de 20 anos.

Golpes pequenos, aqui e ali.

Ultimamente, vem aplicando o da maquininha de cartões com razoável sucesso.

Naquela sexta-feira, chegou em casa com 12 cartões na mochila.

Com R$ 3.000 por golpe são R$ 36.000 em 4 horas de trabalho.

— Nem engenheiro ganha isso, é ou não é? – riu enquanto abria uma cerveja para ele e para a mulher.

Precisamos falar sobre o misterioso golpe do cartão de crédito

Eliseu sabe que não vai ganhar tudo isso. Apenas umas cinco operações vão ser efetivamente pagas. As outras a Central de Segurança dos bancos bloqueia, porque sabem que aquela molecada não costuma gastar tanto no cartão. Fora que alguns até fazem B.O. online.

— Mas já tá bom, né?

A conclusão.

No ano passado, Julia deu um presente de aniversário para a mãe que custou mais ou menos uns R$ 1.500.

Quando estava comprando, por ser um gasto atípico a compra também foi bloqueada. Julia teve que ligar para a Central de Segurança do banco para liberar o gasto.

Maior mico na loja.

Se não ligasse, não conseguiria comprar o presente.

Mas também não teria que pagar o valor na fatura.

Então vejamos: se o banco bloqueou a compra com Eliseu, se Julia não reconheceu o gasto, se houve uma investigação e um Boletim de Ocorrência, se Eliseu não recebeu o produto de seu roubo e, mesmo assim, Julia pagou o valor na fatura do mês, alguém pode explicar onde foi parar o dinheiro?

Nenhuma desconfiança.

Apenas um esclarecimento para nossa segurança.