A seleção feminina de futebol dos Estados Unidos é a melhor do planeta, mas sua liga nacional do esporte é praticamente desconhecida.

Jogadoras, organizadores e torcedores esperam que isso esteja prestes a mudar, em um momento em que a Liga Profissional Feminina (NWSL) busca capitalizar no triunfo da seleção americana na Copa do Mundo de junho.

“Estamos vendo uma grande onda da Copa do Mundo. O público da NWSL aumentou e é muito legal perceber isso”, declarou Carli Lloyd, bicampeã do mundo e olímpica, a um grupo de jornalistas.

Lloyd, de 37 anos, falava com a imprensa após atuar pelo seu clube, o Sky Blue FC, de Nova Jersey.

Mais de meia-hora após a partida, as atletas ainda estavam ocupadas distribuindo autógrafos para centenas de fãs que faziam fila para conhecer as ídolas.

“Ainda há muitas pessoas que não têm ideia de que há uma Liga feminina”, declarou Lloyd, que tem um plano para mudar esse cenário.

“Mudando a vida das pessoas. Cruzando o limite. Assinando autógrafos, tirando selfies. Uma criança vê isso e pensa: ‘Nossa, tirei uma selfie com a Carli, quero voltar’. É disso que se trata na verdade”, explicou a jogadora.

Cerca de 5.000 pessoas encheram o estádio Yurcak Field na semana passada para presenciar a primeira partida de Lloyd no Sky Blue FC desde que ela voltou da Copa do Mundo da França.

Os anfitriões, porém, perderam por 1 a 0 para o Washington Spirit.

Na mesma noite em Seattle, o Portland Thorns derrotou o Houston Dash por 5 a 0 diante de mais de 22.000 pessoas, perto do recorde de público da história da NWSL.

“Às vezes, na NWSL, não jogamos para grandes públicos, então acho que é incrível ter dois jogos seguidos com grandes públicos”, declarou Rose Lavelle, outra atleta da seleção americana, que atua pelo Washington Spirit.

“Com sorte, isso continuará”, declarou.

Muitos dos espectadores questionados pela AFP afirmaram estar vendo uma partida do Sky Blue pela primeira vez, destacando o crescente interesse no jogo feminino após a vitoriosa campanha americana na Copa do Mundo.

– Patrocínio –

Além dos títulos de 2019 e 2015, a seleção dos Estados Unidos também triunfou em 1999 e na primeira edição da Copa do Mundo feminina, em 1991.

“Acredito que o esporte feminino no geral está se impondo e está ficando mais popular”, declarou PJ Petrow, técnico de futebol há 25 anos.

“Não acho que este título (mundial) tenha sido maior que outro. É só por causa das redes sociais e por muitas coisas que estão atraindo mais pessoas ao esporte”, completou.

O interesse no futebol feminino americano cresceu após cada um dos três primeiros títulos mundiais antes de cair novamente, mas a NWSL está decidida a fazer o entusiasmo durar desta vez.

A Liga, porém, sofreu um golpe no início do ano após a rede A&E, uma emissora antiga e acionista da NWSL, retirar seu apoio repentinamente.

Mas, em meio à febre da Copa do Mundo, a ESPN, principal emissora de esportes dos Estados Unidos, anunciou que exibirá 14 jogos da temporada, que começou em abril e vai até meados de outubro.

Uma das partidas, um duelo entre o Chicago Red Stars e o North Carolina Courage, atraiu estimados 149.000 espectadores: a maior audiência na competição em três anos.

E a cervejaria Budweiser assinou um acordo de vários anos para patrocinar a Liga.

“Definitivamente há muito entusiasmo na Liga e os patrocinadores querem fazer parte disso”, declarou à AFP Theresa Ferguson, diretora de gestão de marca da NWSL.

Seis anos depois de sua criação, a NWSL já é a liga profissional de futebol feminino de maior sucesso nos Estados Unidos. Outras duas ligas funcionaram entre 2001-2003 e 2009-2013, mas acabaram dissolvidas.

Contudo, o futuro da NWSL é frágil. Em 2017, duas das dez equipes da Liga foram fechadas por falta de dinheiro.

A Liga tampouco consegue oferecer remunerações similares aos de outros países desenvolvidos. O salário máximo da uma jogadora da NWSL é de 46.200 dólares por ano. Em comparação, a estrela norueguesa Ada Hegerberg recebe 442.900 dólares jogando pelo Lyon francês.

“Estamos vendo muitas equipes e donos se reunindo e dizendo: ‘Estamos em um momento realmente importante. O que fazer como Liga e como equipes para capitalizar com isso?'”, declarou a diretora-geral do Sky Blue, Alyse LaHue.

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