Liga Árabe reduz relação com Turquia por ofensiva na Síria

CAIRO, 12 OUT (ANSA) – Em reunião de emergência realizada neste sábado (12), no Cairo, os ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe decidiram reduzir relações diplomáticas e interromper a cooperação militar com a Turquia por causa de sua ofensiva contra os curdos na Síria.   

O grupo reúne 22 países do norte e do chifre da África e do Oriente Médio, inclusive a Síria, que está suspensa desde 2011 por causa da guerra civil. Na reunião deste sábado, a organização decidiu tomar “medidas urgentes para enfrentar a agressão turca”, incluindo a “redução de relações diplomáticas, a cessação da cooperação militar e a revisão das relações econômicas”.   

“A agressão turca à Síria constitui uma ameaça direta contra a segurança nacional árabe, assim como contra a paz e a segurança internacionais”, diz a declaração final do encontro de chanceleres. Segundo a Liga Árabe, a ofensiva é uma “violação flagrante dos princípios” das Nações Unidas (ONU), e a Síria tem o “legítimo direito de se defender com todos os meios”.   

Ancara iniciou a incursão na última quarta-feira (9), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado a retirada das tropas americanas da fronteira entre Turquia e Síria. Segundo o mandatário turco, Recep Tayyip Erdogan, o objetivo da operação militar é combater “terroristas” curdos.   

As Forças Democráticas da Síria (SDF), coalizão majoritariamente curda que controla o nordeste do país, foram cruciais para a queda do Estado Islâmico e estabeleceram na região um território autônomo chamado Rojava, que a Turquia teme que possa inspirar seus próprios curdos.   

Um dos projetos de Erdogan é transferir para a área dos conflitos milhões de refugiados sírios que vivem em solo turco, o que afetaria a composição demográfica dessa região e criaria uma espécie de corredor de segurança entre curdos da Turquia e da Síria.   

A ofensiva foi condenada de forma quase unânime na comunidade internacional, e alguns países europeus, como a Alemanha, suspenderam a venda de armas para Ancara. Segundo a ONU, mais de 100 mil pessoas já fugiram de suas casas por causa do conflito.   

(ANSA)