A Assembleia Constituinte que rege a Venezuela abriu uma investigação contra líderes opositores, acusados de promover a violência durante protestos contra o governo que deixaram cerca de 125 mortos nos últimos quatro meses.

“Decidimos pela abertura de uma investigação contra as pessoas responsáveis pelos atos de violência em 2017 por sua gravidade”, disse a jornalistas a presidente da Constituinte, Delcy Rodríguez.

A Comissão da Verdade, Justiça, Paz e Tranquilidade, parte do órgão que redigirá uma nova Carta Magna e que vem tomando decisões de aplicação imediata, ficará encarregada dos depoimentos.

Convocada pelo presidente Nicolás Maduro, a Constituinte atua com poderes absolutos desde o dia 4 de agosto.

Maduro pediu expressamente que os líderes sejam indagados sobre as mobilizações, nas quais foram detidas cerca de 5.300 pessoas, das quais cerca de mil continuam presas.

Em sua primeira decisão, a Constituinte destituiu no dia 5 de agosto a procuradora-geral, Luisa Ortega, que se rebelou contra Maduro, e nesta quarta-feira pediu a prisão do marido da ex-funcionária, o deputado chavista Germán Ferrer, por suposta corrupção.

Rodríguez, titular da Comissão da Verdade, argumentou que as manifestações que resultaram em graves distúrbios e terminaram no começo de agosto estimularam o “ódio”.

Por isso, esse comitê começou a revisar nesta quarta-feira, em sua primeira sessão, fotografias e declarações de dirigentes opositores – que circularam bastante nas redes sociais -, convocando os protestos, acrescentou.

À frente desses chamados esteve praticamente toda a bancada opositora que domina o Parlamento, e os mais reconhecidos críticos do chavismo.

A funcionária mostrou em particular uma foto do deputado Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento, saudando a um dos membros da chamada “resistência”, um grupo de jovens que enfrentavam as forças de segurança com bombas molotov, encapuzados e com escudos.

Rodríguez também anunciou uma investigação contra o presidente do Parlamento, Julio Borges, por comunicações que dirigiu o banco de investimentos americanos no Goldman Sachs nas quais ameaçou, no final de maio, não reconhecer uma compra de bônus por 2,8 bilhões de dólares ao governo.

O Legislativo argumenta que este tipo de operação -na qual o banco obteve um desconto de 69%- tem que contar com seu aval.

A presidente da Constituinte disse que a advertência de Borges buscava afetar a compra de alimentos e medicamentos, em grave escassez, assim como investimentos internacionais para “gerar violência” e desestabilizar o governo.