Os líderes da União Europeia (UE) participarão de um jantar informal em Bruxelas nesta segunda-feira (17) para discutir os chamados “top jobs”, os principais cargos das instituições do bloco, em particular na Comissão e Conselho Europeu.

Esta é o primeiro encontro presencial dos governantes da UE após as eleições, de 6 a 9 de junho, marcadas por um forte avanço dos partidos de extrema-direita.

A atual presidente da Comissão Europeia e aspirante a um novo mandato de cinco anos, Ursula von der Leyen, é a favorita para continuar à frente do Executivo da UE.

Por sua posição de presidente da Comissão e candidata ao mesmo tempo, Von der Leyen participará apenas do início das conversações, mas terá que deixar o local quando os chefes de Governo analisarem a distribuição de cargos entre as diversas forças políticas.

Os participantes também devem discutir alternativas para outros dois cargos muito influentes: Alto Representante (que comanda a diplomacia do bloco) e presidente do Parlamento Europeu.

A definição dos titulares de cada cargo representa um quebra-cabeça, que deve equilibrar as forças políticas e a representação geográfica.

O presidente francês Emmanuel Macron e o chefe de Governo alemão Olaf Scholz chegam enfraquecidos ao encontro. Os dois sofreram grandes derrotas para a extrema-direita nas eleições europeia.

Macron, inclusive, decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas, para 30 de junho e 7 de julho.

Do outro lado, a primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, chega fortalecida, depois que seu partido de extrema-direita conquistou uma grande vitória nas eleições europeias.

– Negociações difíceis –

Os líderes da bancada do Partido Popular Europeu (PPE, direita) serão maioria no jantar e o bloco apoia a candidatura de Von der Leyen à presidência da Comissão.

Apesar do possível apoio dos governantes reunidos em Bruxelas, Von der Leyen, uma política alemã de 61 anos, ainda precisará ser aprovada pelo novo Parlamento Europeu, onde precisará de 361 votos de 720 deputados.

Quando foi eleita em 2019, Von der Leyen superou a marca por apenas nove votos.

Os social-democratas parecem resignados a perder o cargo de Alto Representante, atualmente ocupado pelo espanhol Josep Borrell, e movimentam suas fichas para colocar o ex-primeiro-ministro português António Costa à frente do Conselho Europeu.

O atual presidente do Conselho Europeu, o liberal belga Charles Michel, já anunciou que não disputará um novo mandato.

Michel, que desde o início teve uma relação pessoal tensa com Von der Leyen, pertence à família política dos centristas e liberais, bloco que sofreu perdas expressivas nas eleições recentes.

Para substituir Borrell, o nome que ganha força é o da primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, de 46 anos, uma crítica ferrenha da Rússia e grande aliada da Ucrânia.

Kallas, que nasceu na Estônia quando o país ainda era parte da União Soviética, chegou a ser considerada como uma possível secretária-geral da Otan, mas esta candidatura perdeu força e ela se concentrou em obter um dos principais cargos na UE.

No Parlamento Europeu, a conservadora Roberta Metsola, de Malta, 45 anos e figura de destaque do PPE, é apontada como a favorita para renovar o seu mandato por mais dois anos e meio.