Líderes da UE se reúnem em Angola para discutir paz na Ucrânia

LUANDA, 24 NOV (ANSA) – Os líderes da União Europeia estão reunidos nesta segunda-feira (24) em Luanda, capital de Angola, para discutir o plano de paz do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a Ucrânia, enquanto se aproxima o prazo de 27 de novembro dado pela Casa Branca para Kiev aceitar um acordo.   

A cúpula dos chefes de governo dos 27 Estados-membros é realizada antes de uma reunião entre a UE e a União Africana, após um fim de semana de articulações dos líderes europeus com Washington para tentar tornar a proposta menos indigesta para a Ucrânia.   

“Encontrei disponibilidade da parte do presidente Trump”, assegurou no último domingo (23) a premiê da Itália, Giorgia Meloni, que conversou por telefone com o magnata americano e o presidente da Finlândia, Alexander Stubb.   

“Há muitos pontos que podem ser compartilhados, e o sentido é trabalhar em uma oferta que já existe”, acrescentou a primeira-ministra.   

Também no domingo, delegações de Ucrânia e EUA se reuniram em Genebra, na Suíça, para discutir o plano de paz. Em uma nota conjunta, os dois países afirmaram que qualquer acordo futuro deve “respeitar plenamente a soberania” de Kiev e assegurar “uma paz sustentável e justa”.   

“Tivemos avanços significativos”, disse a Casa Branca em um comunicado após o encontro. A Rússia, por sua vez, afirmou não ter recebido “nenhuma informação” sobre as discussões em Genebra e que não está prevista nenhuma reunião com representantes dos EUA nesta semana.   

A proposta inicial americana estabelece que a Ucrânia deve ceder toda a região da Bacia do Don (Donbass), incluindo as províncias de Donetsk e Lugansk, à Rússia e limitar seu exército a 600 mil efetivos.   

Além disso, prevê anistia para os dois países, impedindo que dirigentes russos sejam processados por crimes de guerra, e um pacto de não agressão entre Europa, Rússia e Ucrânia, determinando que todas as “ambiguidades” dos últimos 30 anos sejam consideradas “resolvidas”.   

O plano de Trump ainda fixa a realização de eleições para a sucessão do presidente Volodymyr Zelensky em até 100 dias após a assinatura do acordo e coloca a usina de Zaporizhzhia, maior central nuclear da Europa, sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), com a eletricidade distribuída igualmente entre Ucrânia e Rússia.   

Nenhum soldado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) seria enviado para o território ucraniano, enquanto Kiev abriria mão definitivamente de entrar na aliança militar. Em troca, a Ucrânia obteria “garantias de segurança” da Otan contra eventuais futuros ataques de Moscou.   

Já a versão do plano revisada pela UE e por Kiev trata a linha de frente no Donbass como ponto de partida para negociações territoriais, excluindo a hipótese de ceder a região em sua totalidade para a Rússia, e descarta o redimensionamento do Exército ucraniano.   

“As fronteiras não podem ser alteradas com a força. Continuem pressionando a Rússia”, disse Zelensky em um discurso no Parlamento da Suécia nesta segunda-feira. (ANSA).