Líderes da UE realizam cúpula dominada por incidente em Belarus

Líderes da UE realizam cúpula dominada por incidente em Belarus

Os líderes dos 27 países da União Europeia (UE) vão discutir, nesta segunda-feira (24), a adoção de novas sanções contra Belarus, após o escândalo sobre o pouso forçado de um avião para prender um opositor.

O caso começou no domingo à noite, depois que um avião da companhia Ryanair voando da Grécia para a Lituânia foi forçado a pousar em Minsk, onde a polícia retirou da aeronave e prendeu o opositor Roman Protasevitch e sua namorada.

Em Bruxelas, os líderes europeus têm uma cúpula presencial na agenda que, originalmente, iria se concentrar em questões como o combate às mudanças climáticas, o afrouxamento das medidas restritivas da pandemia e as relações com a Rússia. Este último incidente se impôs, no entanto, como uma questão prioritária.

Grécia, país de onde o avião decolou, e Lituânia, onde finalmente pousou após a escala forçada em Minsk, são dois países da UE e membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que levou a questão a ocupar o centro de todas as preocupações.

O presidente do Conselho Europeu e convidado para a cúpula, Charles Michel, alertou que “este incidente não ficará sem consequências”.

Outros altos funcionários da UE também pediram uma forte reação.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou que se tratou de um comportamento “escandaloso e ilegal”, enquanto o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, mencionou novas sanções.

Em mensagem no Twitter, Von der Leyen se referiu ao “sequestro” da aeronave, acrescentando que os responsáveis “devem ser punidos”.

O governo italiano também mencionou um “sequestro”.

Já o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, classificou o que aconteceu como “um incidente sério e perigoso que requer uma investigação internacional”.

Um porta-voz da aliança militar transatlântica anunciou que os embaixadores da organização discutirão este episódio na terça-feira (25).

“Os aliados estão realizando consultas sobre o pouso forçado do avião da Ryanair por Belarus, e os embaixadores discutirão o assunto amanhã”, disse ele à AFP.

– Tensões –

Pelo menos dois países, França e Lituânia, sugeriram o fechamento do espaço aéreo bielorrusso, enquanto o governo belga propôs proibir o pouso de aeronaves da companhia aérea bielorrussa Belavia em território da UE.

O governo bielorrusso garantiu, por sua vez, que ordenou a interceptação da aeronave em consequência de uma ameaça de bomba que se revelou falsa.

Enquanto isso, a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO, órgão do sistema das Nações Unidas) destacou que o pouso forçado “pode ter sido uma violação da Convenção de Chicago”, que protege a soberania dos espaços aéreos nacionais.

Em Moscou, o porta-voz da Presidência russa evitou comentar o que aconteceu em Minsk, mas ressaltou que “existem certas regras internacionais e cabe às autoridades aéreas internacionais fazer uma avaliação”.

A UE já mantém sanções contra funcionários bielorrussos de alto escalão, incluindo o presidente Alexander Lukashenko. Bruxelas não reconhece a reeleição do presidente como legítima.

Mesmo sem este incidente internacional com o avião da Ryanair, as equipes técnicas da UE já preparavam novas sanções.

Em fevereiro, a União Europeia prorrogou as medidas restritivas em vigor até 2022.

Os líderes da UE também planejaram discutir a piora das relações diplomáticas com a Rússia.

Em abril, em resposta às sanções adotadas pela UE, a Rússia anunciou suas próprias medidas restritivas contra um grupo de cidadãos europeus.

Neste contexto, agravado pela forte presença militar russa na fronteira com a Ucrânia, a UE confiou a Borrell a preparação de um relatório sobre a estratégia a ser seguida pela UE em relação à Rússia.