Lideranças árabes e o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, reunidos neste sábado (11) em uma cúpula extraordinária na Arábia Saudita, condenaram firmemente as ações de Israel durante a guerra contra o Hamas em Gaza, um conflito que temem que se espalhe na região.

A cúpula em Riade acontece cinco semanas depois do ataque de 7 de outubro, lançado pelo movimento islamista palestino Hamas em solo israelense e que matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço revisado das autoridades do país.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza, controlada desde 2007 pelo Hamas. Mais de 11.000 pessoas morreram no território palestino desde 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.

A Arábia Saudita “considera as autoridades de ocupação [Israel] responsáveis pelos crimes cometidos contra o povo palestino”, declarou o príncipe herdeiro e líder de fato do reino, Mohamed bin Salman, no início da cúpula.

“Temos certeza de que a única maneira de garantir a segurança, a paz e a estabilidade da região é pôr fim à ocupação, ao cerco e à colonização”, afirmou.

Já o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, pediu aos países muçulmanos que designassem o Exército israelense como um “grupo terrorista”. Esta é a primeira visita de um mandatário iraniano à Arábia Saudita desde 2012.

Israel afirma que pretende aniquilar o Hamas e responsabiliza o movimento islamista pelo elevado número de mortes, o acusando de utilizar os civis como escudos humanos.

– Divisões regionais –

As reuniões de urgência da Liga Árabe e da Organização de Cooperação Islâmica, grupo que reúne 57 membros e inclui o Irã, aconteceriam em separado.

Dois diplomatas árabes disseram à AFP que a decisão de juntá-las foi tomada após divergências sobre uma declaração final entre as delegações da Liga Árabe.

Alguns países, como Argélia e Líbano, propuseram romper os laços econômicos e diplomáticos com Israel e parar de fornecer petróleo para este país e seus aliados, conforme relato desses diplomatas.

Pelo menos três países, incluindo Emirados Árabes Unidos e Bahrein, que normalizaram as relações com Israel em 2020, rejeitaram essa proposta.

Antes do início do evento, a Jihad Islâmica, aliada do Hamas em Gaza, disse que não esperava “nada” da cúpula.

“O fato de esta conferência ser realizada depois de 35 dias [de guerra] é uma indicação clara”, disse o vice-secretário-geral do grupo, Mohammad al Hindi.

Até agora, Israel e seu principal aliado, os Estados Unidos, têm rejeitado os apelos por um cessar-fogo, uma posição que suscitou duras críticas na cúpula de Riade.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou que “é vergonhoso que os países ocidentais, que sempre falam de direitos humanos e liberdades, permaneçam em silêncio diante dos sucessivos massacres na Palestina”.

Por sua vez, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, disse que Washington tem “a maior influência sobre Israel” e “é responsável pela ausência de uma solução política” para o conflito.

O presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, seu homólogo sírio, Bashar al-Assad, o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, e o presidente indonésio, Joko Widodo, também participaram da reunião.

O Irã apoia o Hamas, assim como o Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen, que também lançaram hostilidades contra Israel, fazendo temer uma expansão do conflito.

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