Líderes indígenas, ambientalistas e estudiosos ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo disseram que, mesmo com a concordância das lideranças locais, a possibilidade de legalização põe comunidades em risco. Segundo eles, experiências do passado mostram que a exploração ilegal de minério deixou um legado de contaminação dos rios, desmatamento, doenças, drogas e prostituição nas comunidades. Além disso, contestaram a capacidade do governo de controlar mineradoras e garimpeiros.

“Não é o garimpo que vai nos sustentar e as autoridades não vão conseguir fiscalizar as atividades. Não conseguem fiscalizar nem fora das áreas indígenas”, disse a líder indígena Alessandra Korap Munduruku. A opinião dela é embasada em números. Estudo da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georrefenrenciada (Raisg) no ano passado aponta a existência de 2.312 pontos de garimpo ilegal em seis dos nove países da Amazônia Legal.

Alguns indígenas que lucram com a exploração, no entanto, defendem a atividade. É o caso dos Uaimiri-atroari de Presidente Figueiredo (AM). Após terem sido quase dizimados por doenças e conflitos decorrentes da exploração da mina de Pitinga, nos anos 1980, eles chegaram a um acordo com a mineradora e hoje recebem um “pedágio” para que o minério seja transportado por suas terras.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.