Mulheres em cargos de liderança estão redefinindo globalmente os conceitos de ambição, impacto e propósito. É o que aponta um estudo recente intitulado “Beyond the Ladder”, realizado pela Chief em colaboração com a The Harris Poll.
Essa tendência, no entanto, ainda encontra fortes barreiras em setores tradicionalmente masculinos, como o futebol. No Brasil, a presença feminina em cargos de alta gestão nos clubes segue sendo exceção.
A advogada e conselheira vitalícia do Corinthians, Miriam Athie, avalia que o cenário geral é de atraso. “Ainda existe um preconceito quando o assunto é mulher à frente do futebol”, afirma. “Tivemos poucos exemplos. Marlene Matheus, que presidiu o Corinthians, e agora a Leila Pereira, no Palmeiras. Fora isso, não conheço outras mulheres ocupando esse espaço. Já passou da hora de estarmos onde também pertencemos”, completa.
Miriam Athie relembra sua entrada no conselho, que dependeu de um pedido direto ao histórico presidente Vicente Matheus, de quem era advogada.
“Ele [Vicente Matheus] disse que não podia, que era só para homem. Eu falei que era exatamente isso que eu queria: ser a primeira mulher”, conta. Ela ingressou no conselho junto com Marlene Matheus, que anos depois se tornaria a única presidente mulher da história do clube.
Hoje, Athie destaca a diferença de representatividade: “Temos excelentes conselheiras mulheres no Corinthians, mas elas são conselheiras trienais, são votadas. Mas sou a única vitalícia. Isso mostra o quanto a estrutura ainda carrega um peso cultural”.
Exemplo no rival
Se o Corinthians teve Marlene Matheus no passado, e tem Miriam Athie como voz ativa no conselho atualmente, o maior rival, o Palmeiras, vive atualmente sob o comando feminino.
Leila Pereira, presidente do clube alviverde desde dezembro de 2021, é hoje a principal referência de gestão feminina no futebol brasileiro de elite, sendo a única mulher a presidir um clube da Série A.
Sob sua gestão, o Palmeiras se consolidou como potência financeira, marcado por uma gestão profissional e investimentos significativos no elenco e infraestrutura, além de acumular títulos relevantes nos últimos anos.
Para Miriam, o caminho é longo, mas inevitável. “As mulheres já mostraram que têm competência para estar nesses espaços. Falta abrir a porta, e deixá-la aberta para as próximas”, finaliza.