A líder opositora da Venezuela, María Corina Machado, disse, nesta segunda-feira (3), após a visita do enviado especial de Donald Trump a Caracas, que é “positivo” que exista um canal de comunicação entre Washington e o presidente Nicolás Maduro, cuja reeleição ela considera fraudulenta.
“Não acho ruim que exista um canal (de comunicação) e que o governo dos Estados Unidos diga as coisas claramente ao regime. Ao contrário, acho que é muito positivo”, afirmou Machado sobre a visita do enviado especial do governo americano, Richard Grenell, a Caracas na última sexta-feira.
“Acho que a administração Trump tem uma forma muito nítida de dizer o que pensa, não tenho dúvidas de que isto foi transmitido (ao governo de Maduro)”, acrescentou, durante uma coletiva de imprensa virtual.
No entanto, “a imagem” de Maduro ao lado de Grenell “teve um impacto terrível nos venezuelanos”, admitiu.
Machado, que reivindica a vitória do ex-embaixador Edmundo González Urrutia nas eleições presidenciais de 28 de julho, afirmou também ter conversado com Grenell antes de sua viagem e enquanto esteve na Venezuela, mas disse que o “conteúdo” das conversas é “confidencial”.
“Conversei com o enviado especial durante sua visita e me informou sobre o resultado da mesma”, afirmou.
“Este é um tema dos venezuelanos e o dirigimos aos venezuelanos, mas precisamos dos aliados executando ações-chave e vamos consegui-lo”, reforçou.
A líder opositora, protagonista da campanha às eleições presidenciais, mas que não pôde se candidatar por causa de uma inabilitação imposta pela Controladoria-Geral da República, de viés governista, garantiu que a oposição vencerá a batalha.
“Este regime vai para fora, com ou sem negociações”, afirmou.
Grenell pediu a Caracas que aceitasse o retorno “incondicional” dos venezuelanos expulsos dos Estados Unidos e a libertação de “reféns” americanos retidos na Venezuela.
Caracas aceitou a volta dos migrantes deportados, inclusive membros de gangues, além de seis cidadãos americanos serem libertados no mesmo dia da visita do enviado especial.
Maduro, por sua vez, pediu um “novo começo” nas relações entre Caracas e Washington após o encontro excepcional.
Washington, assim como grande parte da comunidade internacional, não reconhece a vitória de Maduro para um terceiro mandato consecutivo (2025-2031).
O afilhado político de Hugo Chávez foi declarado vencedor das eleições com 52% dos votos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que não publicou as atas desagregadas como determina a lei, argumentando o hackeamento de seus sistemas, uma explicação que observadores consideram inverossímil.
A oposição, que publicou as atas fornecidas por seus observadores, assegura que González Urrutia obteve mais de 67% dos votos.
Após a proclamação da vitória de Maduro, eclodiram protestos que deixaram 28 mortos e cerca de 200 feridos, além de mais de 2.400 detidos. O Ministério Público informou que quase 2.000 foram libertados.
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