Durante uma visita a fábricas de armas, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, descreveu a Coreia do Sul como o “principal inimigo” de seu país, o qual não hesitaria em “aniquilar”, informou a agência oficial de notícias KCNA nesta quarta-feira (10).

Durante a visita, Kim declarou que a prioridade do Norte deve ser, “em primeiro lugar, fortalecer as capacidades militares de autodefesa e a dissuasão da guerra nuclear”, segundo a mídia estatal.

Imagens divulgadas pela imprensa oficial mostram Kim com uma longa jaqueta de couro preta em frente ao que, segundo analistas, eram lançadores de mísseis balísticos de curto alcance com capacidade nuclear.

Kim garantiu que o Norte, formalmente chamado de República Popular Democrática da Coreia (RPDC), não desencadearia “unilateralmente” um confronto, mas também “não tem a intenção de evitar uma guerra”, disse a KCNA.

Se o Sul “se atrever a tentar usar as Forças Armadas contra a RPDC, ou ameaçar sua soberania e segurança, não hesitaremos em aniquilar a RDC (Sul), mobilizando todos os meios e forças nas nossas mãos”, informou a KCNA.

Na terça-feira, quase 50 países se juntaram aos Estados Unidos na condenação da Coreia do Norte por supostamente transferir mísseis para a Rússia para uso na Ucrânia, o que violaria as sanções da ONU.

Recentemente, as Forças Armadas norte-coreanas fizeram três dias de exercícios de fogo real perto da disputada fronteira sul, informou o Exército sul-coreano, provocando exercícios de resposta e ordens de evacuação para habitantes de duas ilhas fronteiriças sul-coreanas.

Essas manobras constituem a escalada mais grave entre os dois lados desde 2010, quando o Norte bombardeou a ilha de Yeonpyeong, deixando quatro mortos.

– Postura mais rígida –

Acompanhado por altos funcionários políticos e militares, Kim visitou várias fábricas de munições na segunda e terça-feira, informou a KCNA.

Ele classificou as visitas como uma motivação para os trabalhadores “na luta para atingir a enorme meta de produção para o novo ano”.

As declarações de Kim na fábrica sugerem que Pyongyang adotará uma “postura muito mais rígida” com o Sul no futuro, disse Hong Min, do Instituto Coreano de Unificação Nacional, à AFP.

“É a primeira vez que o Norte chama o Sul de seu ‘principal inimigo’, sinalizando uma mudança na abordagem da Coreia do Norte em relação ao Sul para um modo ultraforte”, disse ele.

Acrescentou que as recentes manobras de artilharia são “emblemáticas da mudança de abordagem”.

As relações entre as duas Coreias atingiram o ponto mais baixo em décadas, depois de Kim ter consagrado na Constituição a condição do Norte como potência nuclear e de ter lançado inúmeros testes de mísseis balísticos intercontinentais.

Nas reuniões políticas de final de ano em Pyongyang, Kim ameaçou lançar um ataque nuclear ao Sul e fez um apelo pelo reforço do arsenal militar do país antes de um conflito armado que, segundo ele, poderia “estourar a qualquer momento”.

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