A bancada do Partido Liberal (PL) no Senado cancelou o convite para que Jorge Messias, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Supremo Tribunal Federal (STF), participasse do almoço da oposição nesta terça-feira, 2.
O advogado-geral da União escolhido por Lula para ocupar a vaga de Luís Roberto Barroso na Corte tem feito um périplo, de gabinete em gabinete, para conversar com os senadores, a quem cabe sabatiná-lo para aprová-lo ou não ao cargo.
O placar do Estadão contabiliza seis votos não ao ministro no STF, cinco sim à condução de Messias ao Supremo e quatro indecisos, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A iniciativa de chamar Messias veio da senadora Eudócia Caldas (PL-AL), segundo o relato de senadores do partido. O convite foi feito por meio do líder do Bloco Vanguarda (composto por 15 senadores do PL e um do Partido Novo), Wellington Fagundes (PL-MT), mas a ala mais bolsonarista da bancada não gostou da ideia.
“Eu pedi para que ela (Eudócia) cancelasse, porque não iria ninguém”, afirmou o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), ao Estadão.
Portinho e outros senadores dizem que o almoço do bloco, feito semanalmente às terças-feiras, serve para debater o alinhamento da oposição do governo Lula na Casa. E que não seria de “bom tom” chamar um indicado do presidente para um evento do tipo.
Os senadores afirmam que a decisão de desconvidar Messias não significa fechar as portas ao AGU, e que cada senador pode, individualmente, marcar seu próprio encontro com ele. A bancada inteira recepcioná-lo, segundo essa visão, poderia “passar uma interpretação errada” de que há apoio em bloco ao indicado.
Entra no cálculo também a reação negativa do eleitorado bolsonarista ao fato de o partido, que já declarou que vai votar contra a aprovação de Messias, recepcionar e articular com um homem de confiança de Lula.
A cada semana, um dos senadores é responsável por organizar e custear o almoço. Eudócia é a escolhida pelo encontro desta semana, e aproveitou o momento para convidar Messias antes de consultar os demais, dizem os senadores. Agora o almoço vai ocorrer normalmente, mas sem Messias.
Em nota, a senadora afirmou que a visita de Messias será “remarcada após o envio da mensagem oficial ao Senado Federal referente à sua indicação ao cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal pelo Presidente da República”. “Essa nova oportunidade permitirá um diálogo respeitoso e institucional, reforçando a democracia e os princípios republicanos”, diz o texto.