Berta Soler, líder do movimento de oposição Damas de Branco, e seu marido, Ángel Moya, foram detidos neste domingo (13) quando deixavam sua casa e sede da organização, em um dia em que nove integrantes do grupo conseguiram chegar a igrejas em diferentes províncias cubanas, em forma de protesto.
Marta Beatriz Roque, defensora dos direitos humanos e única mulher detida na repressão da “primavera negra” de 2003, confirmou à AFP as detenções de Soler e Moya, ocorridas quando os dois começavam uma caminhada rumo a uma igreja de Havana.
Berta e Moya, ex-preso político da “primavera negra”, tinham previsto realizar a caminhada em protesto pelos detidos de 11 de julho e em memória ao aniversário de nascimento de Laura Pollán, outra dama de branco falecida em 2011.
“Pela primeira vez, nove damas de branco chegam a igrejas diferentes” nesta ação de protesto dominical, nas províncias de Camagüey, Havana, Guantánamo, Villa Clara e Matanzas, informou Roque.
Uma delas é mãe de uma jovem que cumpre pena de seis anos de prisão por participar dos protestos históricos de 11 de julho em um presídio da província central de Matanzas.
Em 23 de janeiro, Soler foi detida com outras duas companheiras e a mãe de um jovem de 17 anos, também preso por participar dos protestos de julho.
As quatro mulheres, detidas quando se preparavam para ir à igreja de Santa Rita, em Havana, foram libertadas horas depois.
Várias mães e familiares de manifestantes da mobilização de 11 de julho detidos se aproximaram das Mães de Branco, grupo formado por opositoras.
Aos gritos de “Liberdade” e “Temos fome”, as manifestações eclodiram em 11 de julho em cerca de 50 cidades cubanas, deixando um morto e dezenas de feridos.
Segundo números do governo, até janeiro passado 790 pessoas, incluindo 55 menores de 18 anos, foram indiciadas e outras 172 foram condenadas.
Neste domingo, a embaixada dos Estados Unidos insistiu no Twitter em que o “regime de #Cuba acusou dezenas de menores” pelos protestos de 11 de julho e que metade foi acusado de sedição.
“Pode um menino de 16 anos sequer entender o conceito de sedição como para ser acusado disso?”, questionou.
O governo cubano, que diz que Washington está por trás destes protestos, considera ilegais a oposição política e os dissidentes.