Por Michael Martina e David Brunnstrom

LOS ANGELES (Reuters) – O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, se encontrou com a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, na Califórnia nesta quarta-feira, e se tornou a figura norte-americana mais importante a encontrar um líder taiwanês em solo norte-americano desde 1979, apesar das ameaças de retaliação da China, que reivindica a ilha de Taiwan, que tem seu governo próprio, como sua.

McCarthy, um republicano que por meio de sua posição na Câmara é o número três na hierarquia de liderança dos EUA, deu as boas-vindas a Tsai na manhã de quarta-feira na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan em Simi Valley, Califórnia, perto de Los Angeles.

No início de uma reunião que incluía outros parlamentares republicanos e democratas, McCarthy chamou Tsai de “uma grande amiga da América” e acrescentou: “Estou otimista de que continuaremos a encontrar maneiras de o povo da América e de Taiwan trabalharem juntos para promover a liberdade econômica, democracia, paz e estabilidade”.

Tsai agradeceu a McCarthy por sua hospitalidade, chamando-a de calorosa, como o sol da Califórnia, e também agradeceu ao restante da delegação do Congresso, dizendo: “Estou muito satisfeita”.

A China promoveu jogos de guerra em torno de Taiwan em agosto do ano passado, após a visita a Taipé da então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o Ministério da Defesa de Taiwan disse que um grupo de porta-aviões chinês já estava nas águas da costa sudeste da ilha antes mesmo do encontro entre Tsai e McCarthy na Califórnia.

O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, disse que não há nada de novo sobre um presidente taiwanês em trânsito pelos EUA e que Pequim não deve usar isso como desculpa para agir ou aumentar as tensões.

Apoiadores agitando bandeiras de Taiwan e faixas pró-Taiwan e Hong Kong gritavam “Jiayou Taiwan” –o equivalente a “Vamos Taiwan”– no estacionamento da Biblioteca Reagan antes da chegada de Tsai e McCarthy para a reunião de mais alto nível para um líder taiwanês em solo norte-americano desde que Washington mudou o reconhecimento diplomático de Taipé para Pequim em 1979.

Depois que McCarthy e Tsai entraram, um pequeno avião sobrevoou a biblioteca com uma faixa pró-Pequim com os dizeres “Uma China! Taiwan faz parte da China!”.

A reunião certamente atrairá uma forte reação de Pequim, que considera Taiwan parte de seu território e prometeu colocá-la sob seu controle, à força, se necessário.

A China alertou repetidamente contra uma reunião entre McCarthy e Tsai, que está em sua primeira visita aos Estados Unidos desde 2019, embora alguns analistas esperem que sua reação seja mais moderada do que a visita de Pelosi a Taipei.

Uma reunião na Califórnia é vista como uma alternativa potencialmente menos provocativa à visita de McCarthy a Taiwan, algo que ele disse que espera fazer.

O Ministério da Defesa de Taiwan disse que o grupo de porta-aviões chinês estava indo para um treinamento no Pacífico Ocidental e que as forças navais e aéreas de Taiwan e os sistemas de radar terrestres os monitoravam de perto.

(Reportagem de Michael Martina e David Brunnstrom; reportagem adicional de Ben Blanchard em Taipé e Simon Lewis em Bruxelas)

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