BRUXELAS, 17 AGO (ANSA) – O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou nesta terça-feira (17) que a falência da missão no Afeganistão foi causada por culpa dos líderes políticos locais.   

“Terminar a missão não foi fácil. O dilema era deixar e ver os talibãs retomarem o controle ou ficar em uma guerra sem fim. Não queríamos ficar no Afeganistão para sempre. O que vimos nas últimas semanas é um colapso militar e político não previsível.   

A liderança política afegã faliu ao tentar encontrar uma solução política e essa falência leva à tragédia que estamos vendo hoje”, disse Stoltenberg.   

Horas antes do Talibã tomar a capital Cabul, após ter dominado praticamente todo o território em menos de 10 dias, o presidente Ashraf Ghani fugiu da cidade para um local desconhecido.   

Para o chefe da Otan, os países-membros “devem aprender a lição” que a derrota afegã trouxe e, “mesmo com todo o investimento considerável” que foi feito, “a queda foi rápida”. “Precisamos ter uma avaliação muito clara do que aconteceu”, pontuou ainda.   

Mantendo o discurso dos principais líderes ocidentais, como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, Stoltenberg destacou que a prioridade agora “é manter o aeroporto aberto, ajudando as pessoas a saírem, tanto o staff como os profissionais afegãos que trabalharam para nós”.   

“Procuraremos evacuar a maior quantidade possível de pessoas, todos aqueles que querem partir, devem ser livres para isso e, mesmo que agora as fronteiras estejam fechadas, vamos trabalhar para reabri-las”, acrescentou.   

Sobre o risco do regime do Talibã voltar a ser o que era há 20 anos, quando o país era um “emirado islâmico”, o líder da Otan disse que quem está tomando o poder agora “tem a responsabilidade de não deixar o terrorismo voltar com força porque se estabelecerem um regime de terror, ficarão isolados”.   

“Nós esperamos que os talibãs respeitem o acordo feito com os EUA no ano passado, segundo o qual, os EUA saíam do território e o Talibã assegurava que o Afeganistão não se tornaria uma plataforma de terroristas contra forças aliadas. Permaneceremos vigilantes e nós temos a capacidade de atingir alvos terroristas também à distância”, finalizou.   

Ao lado dos EUA, a Otan embarcou na missão “contra o terror” iniciada pelos norte-americanos após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Desde então, apoiou Washington na ocupação e no treinamento dos soldados afegãos. (ANSA).