Líder da oposição convoca “organização clandestina” contra Maduro na Venezuela

A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, convocou nesta segunda-feira (28) uma “organização clandestina” contra o presidente Nicolás Maduro, que, por sua vez, comemora junto a milhares de seguidores o aniversário de sua contestada reeleição.

Maduro foi proclamado vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho de 2024 pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que é acusado de estar a seu serviço. A oposição liderada por Machado denunciou fraude e insiste que seu candidato, Edmundo González Urrutia, foi o verdadeiro vencedor.

“Maduro, você que tem tanto medo de ser invadido, as forças que vão tirá-lo do poder já estão aqui, dentro da Venezuela, e somos milhões”, declarou Machado em um vídeo nas redes sociais, transmitido da clandestinidade.

As autoridades venezuelanas já acusaram Machado de liderar conspirações contra Maduro; quase mil pessoas – incluindo dirigentes muito próximos a ela – foram detidas desde 28 de julho.

Machado convocou para “a organização clandestina de todas as estruturas dentro da Venezuela”. “Assim como desobedecemos à tirania e os deixamos humilhantemente sozinhos ontem, nos preparamos para a ação cívica no dia em que for necessário.”

Ela se refere aos apelos por abstenção feitos após a proclamação de Maduro: primeiro em 25 de maio, quando foi renovado o Parlamento e eleitos os governadores dos estados; e agora neste domingo, quando foram escolhidos os prefeitos.

Em ambos os pleitos, o chavismo venceu de forma esmagadora.

Machado voltou a pedir o apoio dos militares, que frequentemente juram lealdade absoluta a Maduro. “Não desertem, cuidem-se, formem equipes de confiança extrema, preparem-se para defender o que o povo ordenou em 28 de julho.”

Um oficial da reserva que chegou a ocupar altos cargos nas Forças Armadas disse à AFP que descartava qualquer cenário de insurreição devido ao grau de medo existente nas fileiras militares.

A oposição não convocou protestos nesta segunda-feira. Seus apoiadores estão desmobilizados por medo de serem presos.

O chavismo começou a se concentrar em Caracas para a manifestação em apoio a Maduro, que celebra sua reeleição e o aniversário de nascimento de seu padrinho político, o falecido Hugo Chávez.

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