Além de se vangloriar de comandar uma facção com 200 mil homens cadastrados e com senhas, o traficante José Roberto Fernandes Barbosa, o Pertuba, não deixava de falar do seu time de futebol, o Compensão. Um dos principais líderes da facção Família do Norte, José Roberto chegou a investir R$ 320 mil na equipe para o campeonato amador amazonense “Peladão”. A FDN, com dinheiro arrecado pela “caixinha” paga pelos integrantes da facção, organizava campeonatos dentro e fora do sistema prisional.

Segundo a Polícia Federal, em relatório da Operação La Muralla, nos campeonatos internos cada equipe é financiada por uma liderança da FDN. Para os investigadores, a prova da relação da facção com as disputas no sistema são os uniformes “patrocinados” pela lideranças. No caso do “Compensão”, o time disputa campeonatos amadores oficiais no Amazonas e é de propriedade de Pertuba há cerca de sete anos. Em pouco mais de seis meses de investigações, segundo a PF, “foram interceptadas e analisadas mais de 1 milhão de mensagens e chamadas telefônicas”.

Entre essas mensagens, a PF identificou algumas trocadas entre a advogada Lucimar Vidinha e Pertuba na qual ele afirma que o time do “Compensão” representa a FDN e todo o crime no Estado. As mensagens apontam que o escudo da agremiação da organização criminosa estaria nos muros de todas as cadeias amazonenses. Nos dias de jogo do “Compensão”, a FDN envia mensagens, ou “salves”, chamando os integrantes da facção para compareceram aos jogos com faixas.

A FDN é apontada pela Polícia Federal como a terceira maior facção do Brasil – atrás apenas do PCC e do CV. A organização criminosa surgiu por volta do ano de 2006, após a união de dois grandes traficantes amazonenses que cumpriam suas penas em presídios federais: Gelson Lima Carnaúba, o G, e Pertuba.

Embora seja aliada do CV, a FDN nunca aceitou ser subordinada a nenhuma outra organização. Ao longo do inquérito que deu origem à La Muralla, os investigadores perceberam que o PCC estava “batizando” criminosos, o que desagradou à facção.