Líder da bancada evangélica e apoiador da anistia: quem é o presidente da CPI do INSS

21-02-24 Senador Carlos Viana
21-02-24 Senador Carlos Viana Foto: Divulgação

Na manhã desta quarta-feira, 20, o Congresso Nacional instalou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o escândalo do INSS – sistema de fraudes contra pensionistas deflagrado neste ano. A base governista esperava emplacar um nome aliado para a presidência do encargo, mas foi surpreendida pela eleição de Carlos Viana (Podemos-MG).

Havia um acordo, anunciado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para que o colegiado fosse presidido pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), no entanto, Carlos Viana foi eleito por 17 votos a 14, em uma vitória para a oposição ao governo no Congresso.

Ao ser escolhido como líder da comissão, Viana afirmou que pretende “esclarecer” o caso e “pedir a punição dos culpados”. Ele chegou a classificar a trama do INSS como “momento vergonhoso para o Brasil”.

Quem é Carlos Viana

Conhecido como “Datena mineiro”, Carlos Viana é senador e líder da bancada evangélica no Senado. Ele ganhou notoriedade como apresentador de programas policiais na TV Record e na Rádio Itatiaia.

Sua única vitória eleitoral até agora, que o levou ao cargo de senador, foi conquistada em 2018 com a onda do bolsonarismo. Em 2022, perdeu para Romeu Zema (Novo) a disputa para o governo de Minas Gerais. Já em 2024, também fracassou ao se candidatar como prefeito de Belo Horizonte, com apenas 1% dos votos.

Desde última campanha, se afastou do bolsonarismo e chegou a criticar Jair Bolsonaro (PL), alegando que ele “não cumpre tratos” e que o tempo do ex-líder “já deu o que tinha que dar”.  Ao jornal “O Tempo”, Viana afirmou, em junho, que a direita precisa “buscar uma nova saída” para a sucessão presidencial.

Eleição de Viana é encarada como derrota para governo

A escolha de Carlos Viana foi vista como um fracasso para políticos da base. A articulação que elegeu o mineiro foi feita pouco antes da votação ser efetuada, com contratempos que favoreceram a vitória de opositores.

Figuras ligadas ao Planalto, além do próprio presidente do Senado, Davi Alcolumbre, esperavam o Omar Aziz (PSD-AM) como presidente. Além disso, a escolha de um político do Podemos, a relatoria da CPMI – que seria de Ricardo Ayres (Republicanos-TO) – foi parar nas mãos do deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Calvancante, afirmou que a decisão ocorreu após reunião entre Viana e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN). Governistas, por sua vez, alegam terem sido prejudicados pela ausência de parlamentares do MDB, que defasaram o número de votos.

“Temos uma circunstância regimental. Os três primeiros suplentes são do PL, que ascenderam e fizeram a diferença. Não contávamos que o deputado Rafael Britto, do MDB, estaria fora do Brasil. Foi uma questão de regimento. Esta situação será contornada”, disse o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AC).

Agora, a estratégia dos políticos da base é associar o escândalo do INSS à gestões anteriores, como o de Jair Bolsonaro, uma vez que os descontos indevidos começaram antes do governo Lula 3. Já parlamentares bolsonaristas pedem para que o ministro da previdência, Carlos Lupi, seu antecessor, Wolney Queiroz, e até o irmão de Lula – Frei Chico – sejam convocados para a Comissão.