A líder civil birmanesa Aung San Suu Kyi, deposta por um golpe militar em 2021, foi transferida da prisão para um edifício do governo, afirmou um membro de seu partido nesta sexta-feira(28).

“Aung San Suu Kyi foi transferida para um complexo de alto nível na noite de segunda-feira”, disse à AFP o membro da Liga Nacional para a Democracia (NLD), sob condição de anonimato.

Suu Kyi só havia sido vista uma vez desde o golpe de 1º de fevereiro de 2021, em fotografias granuladas divulgadas pela imprensa estatal em um tribunal na capital Naypydaw.

O golpe mergulhou o país do sudeste asiático em um conflito que já deixou mais de um milhão de deslocados, segundo as Nações Unidas. Uma ONG local calcula em mais de 3.800 os mortos pela repressão militar.

O funcionário do partido de Suu Kyi confirmou que ela se reuniu com o presidente da câmara baixa de Mianmar, Ti Khon Myat, e que provavelmente se encontraria com Deng Xijuan, enviado especial da China para Assuntos Asiáticos, que visita o país.

Um fonte de outro partido político disse que a líder civil foi transferida para um complexo na capital Naypydaw.

Em julho, o chefe da diplomacia da Tailândia disse que se reuniu com Aung San Suu Kyi, o primeiro encontro conhecido com um enviado estrangeiro desde sua detenção. Um porta-voz da junta disse à AFP que a reunião durou mais de uma hora, mas não deu detalhes sobre seu conteúdo.

Desde sua detenção, a saúde da Nobel da Paz de 78 anos é motivo de preocupação. A líder foi condenada a 33 anos de prisão por diferentes acusações.

Grupos de direitos humanos denunciaram o julgamento como uma farsa com o objetivo de afastar a popular dirigente.

A líder civil birmanesa começou a cumprir sua pena em regime domiciliar em Naypidaw, mas em junho de 2022 foi transferida a um complexo penitenciário em outra parte da cidade.

– Ainda popular em Mianmar –

Durante uma junta anterior dos militares, Aung San Suu Kyi passou quinze anos em prisão domiciliar durante a qual sua luta pela democracia ganhou fama mundial.

Nesse período, viveu na mansão colonial de sua família junto a um lago na capital comercial do país, Yangon, onde costumava fazer discursos para multidões que se reuniam em torno da casa.

Sua popularidade em Mianmar continua sendo muito alta apesar de sua imagem internacional ter sido afetada por seu acordo para compartilhar o poder com os militares e seu fracasso em proteger a perseguida minoria rohinghya.

Após o golpe que encerrou uma década de experiência democrática, muitos de seus apoiadores abandonaram o compromisso com a não violência e se armaram contra os militares.

A junta justificou o golpe com uma suposta fraude nas eleições de novembro de 2020, livres e justas segundo observadores internacionais, vencidas com folga pelo partido LND de Suu Kyi.

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