SÃO PAULO, 14 FEV (ANSA) – O médico italiano Pasquale Bacco, de 49 anos, ex-líder do movimento antivacina no país, confessou que está arrependido de comandar protestos contra a imunização anti-Covid e ressaltou que muitos membros do grupo “têm muitas mortes na consciência”.   

Em entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera”, Bacco explicou que o principal motivo que o fez questionar seus posicionamentos contra a vacina foi a morte de um jovem de 29 anos na Itália.   

Segundo o médico, o rapaz estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital italiano e tinha vídeos em que Bacco estava “propagando desinformação”. A família do jovem, inclusive, abordou ele e disse que a vítima era uma fã dos seus discursos.   

“Sinto que essa morte foi culpa minha”, confessou Bacco, que hoje está vacinado contra o novo coronavírus. “Para mim, não era uma crença. Quando vi a realidade com meus próprios olhos, me dei conta que estava equivocado”.   

O ex-líder antivacina declarou que o movimento é mantido por um “sistema” que envolve médicos, empresários, advogados e professores, uma espécie de “religião” em busca de “vingança”.   

Além disso, ele afirmou que foi um “grande covarde” por ir para as praças das cidades durante os protestos “quando sabia que as pessoas queriam ouvir coisas fortes”.   

“Creio que nós que subimos aos palcos temos muitas mortes na consciência. Fomos todos grandes covardes. Fomos para as ruas e quando conversávamos sabíamos que as pessoas queriam ouvir coisas fortes. Então você provocava cada vez mais. E assim por diante com: ‘Nas vacinas tem água de esgoto’, ‘os caixões de Bergamo estavam todos vazios’, ‘ninguém morreu com Covid'”, lembrou.   

Para Bacco, os atos também têm objetivos políticos, pois o grupo atinge um eleitorado “considerável” e essa visibilidade atrai políticos influentes que se apropriam das pautas para ganhar nas urnas. Alguns, inclusive, chegam a financiar as manifestações.   

Após ter participado de mais de 300 protestos, o ex-médico revela que se arrependeu de propagar desinformação e que agora está tratando “remediar os erros”.   

“Tento fazer com que as pessoas abram os olhos. Vacinei-me e estou suspenso da Ordem dos Médicos durante seis meses e não contestei porque sinto que errei e aceito-o. Ser antivacina pode ser um negócio e a oportunidade converte um homem num ladrão”, enfatizou. (ANSA)