ROMA, 19 ABR (ANSA) – O líder anarquista italiano Alfredo Cospito decidiu nesta quarta-feira (19) interromper a greve de fome que está cumprindo há quase seis meses em protesto contra o duro regime de isolamento a que está submetido.   

Cospito anunciou sua decisão de quebrar o jejum iniciado em 19 de outubro em um formulário disponível para os detentos da prisão da Ópera de Milão, no norte da Itália, e com o qual o Tribunal de Supervisão de Milão também foi notificado.   

A decisão é tomada um dia após o Tribunal Constitucional se abrir para a rever sua condenação. “Declaro interromper a greve de fome”, alertou ele.   

Ontem, o Tribunal Constitucional italiano concordou com o anarquista, declarando “ilegítimo” uma parte do artigo 69 do Código Penal que proíbe os juízes de considerar possíveis atenuantes quando o crime pode implicar em prisão perpétua.   

Cospito cumpre pena de 20 anos de prisão e estava em greve de fome para protestar contra o chamado 41-bis, nome do regime de isolamento total na cadeia, sistema geralmente reservado a mafiosos. A luta do italiano provocou uma série de manifestações no país e ataques liderados por grupos anarquistas contra sedes diplomáticas da Itália no exterior.   

Segundo uma de suas advogadas, Antonella Mascia, Cospito já apresentou hoje um novo recurso ao Tribunal de Estrasburgo, desta vez contra o regime 41-bis, alegando que vários de seus direitos foram violados, incluindo o direito de não ser submetido a maus-tratos.   

“O regime diferenciado aplicado a Cospito é desumano devido à sua natureza aflitiva, ilegitimidade e desproporção”, destaca Mascia, enfatizando que “o recurso diz que o Estado também violou o direito de Cospito à vida familiar e privada, a um julgamento justo e à liberdade de expressão”.   

A advogada de defesa ressaltou ainda que espera “que o caso de Cospito seja examinado com urgência e prioridade pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos e que isso permita questionar o mais rápido possível a legitimidade dessa medida que supostamente foi imposta em um forma ilegítima e desproporcional”.   

Nos últimos dias, surgiram relatos que Cospito, ainda internado no departamento de medicina penitenciária do San Paolo de Milão, já havia retomado a ingestão de alimentos, em particular sachês de queijo parmesão, além de suplementos, água com açúcar ou sal, e bebidas como café, chá com limão e leite. Além disso, ele já teria comido macarrão com caldo.   

Após estes quase 6 meses de protesto, o anarquista atingiu o seu limite, perdendo quase 50 kg e com risco de desenvolver graves problemas cardíacos e neurológicos. (ANSA).