Atualmente estamos vendo que mulheres jornalistas têm sido alvos constantes quando políticos e autoridades se sentem acuados. ‘Idiota’, ‘burra’, ‘quadrúpede’, ‘vergonha para o jornalismo’, são exemplos de adjetivos que têm sido imputados ao gênero feminino, quando se coloca como questionadora. Tem muito de misoginia e machismo nesse contexto que estamos vivendo agora, mas que é vivenciado sistematicamente por mulheres em todos os âmbitos da sociedade há muito tempo, mas que só está recebendo mais notoriedade, porque o mandatário do país insiste em tal comportamento.

Isso é muito preocupante, porque quando vemos esse tipo de ataque aos profissionais de imprensa, o objetivo é calar o contraditório, calar a fiscalização que é feita pela categoria, então nada disso é bem aceito e as mulheres são o alvo preferencial, porque há essa questão misógina e machista que considera a mulher um alvo fácil, o ponto mais frágil da cadeia.

Aí vêm os ataques de depreciação profissional, de cunho sexual ou de aparência, para ‘perturbar o debate público’ e deixar perguntas incômodas sem resposta.

Bolsonaro começou a praticar ‘violência política de gênero’ anos antes de mirar repórteres como Patrícia Campos Mello e Miriam Leitão. Em 2014, ele ganhou atenção nacional ‘exatamente por insultar uma mulher’, a então deputada petista Maria do Rosário – e mais ou menos na mesma época surgiu nas redes sociais a hashtag ‘Bolsonaro presidente’. A tentativa de cercear a atividade jornalística por meio de intimidação ‘é uma forma de censura’, e que, ao praticá-la, Bolsonaro dá uma espécie de salvo-conduto para que sua claque e seus seguidores, como o advogado Frederic Wassef, o filho Eduardo Bolsonaro e o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP) pratiquem violência atrás de violência, sem que se sintam constrangidos.

É preocupante uma incitação ao ódio, ao deboche, escárnio contra a mulher, um gênero que já sofre com tantas agressões historicamente e encontra em políticos e autoridades durante um cenário de polarização eleitoral, o aval para continuidade de tal comportamento.

Atitudes como as que têm ganhado notoriedade nos noticiários, não são apenas um ataque único e exclusivo às mulheres e sim à nossa democracia, ao nosso direito de liberdade de expressão e de imprensa.

É preciso que avaliemos esse método de governar, de se defender, e o que pode acarretar para uma sociedade que se diz livre, democrática e que prima pela informação!