Um empresário nascido na Líbia e com cidadania brasileira foi preso injustamente no Aeroporto Internacional de Istambul, na Turquia, por tráfico internacional de drogas, de acordo com a Polícia Federal. Ahmed Hasan, de 37 anos, teria tido as etiquetas das malas dele trocadas no Aeroporto de Guarulhos em outubro de 2022 e colocadas em outra bagagem, que carregava 43 quilogramas de cocaína. Ao realizar outra viagem em maio deste ano, o homem foi detido pelas autoridades turcas. As informações são do “Fantástico”, da TV Globo.

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Resumo:

  • Ahmed e a família dele fizeram uma viagem em outubro de 2022 para a Turquia, ocasião em que criminosos teriam pego as etiquetas das bagagens e às utilizado quatro dias depois em outras malas;
  • O empresário foi preso em maio deste ano após retornar a Istambul em uma viagem de negócios. Lá, recebeu a informação de que estava preso por tráfico internacional de drogas;
  • O homem será julgado no dia 30 de novembro e a expectativa é de que seja inocentado pela Justiça da Turquia, já que relatórios das autoridades brasileiras foram enviados ao processo.

Ahmed e a esposa dele, Malak, viajaram com os dois filhos em outubro do ano passado para a Turquia. Na ocasião, foram despachadas seis malas e dois carrinhos de bebê, que tiveram de ser desmontados para o embarque. Foi da peça de um destes equipamentos que foram retiradas etiquetas com o nome da mulher do empresário, utilizadas quatro dias depois em bagagens que carregavam drogas ilícitas, concluíram as investigações.

A família estava de mudança para a Líbia, após viverem dois anos no Brasil. Ao chegarem no Aeroporto de Istambul, Ahmed comentou que não houve nenhum problema e eles teriam entrado normalmente. Foi apenas em uma viagem a trabalho realizada pelo empresário em maio deste ano que ele foi preso e, apenas no dia seguinte, descobriu o motivo. “Ela (uma advogada turca) disse que eu estava sendo acusado de tráfico internacional de drogas. Eu me assustei, quase morri, foi um choque enorme para mim.”

O delegado da Polícia Federal Felipe Lavareda explicou ao Fantástico que alguém retirou as etiquetas em 22 de outubro de 2022 e as teria guardado e utilizado em outro voo que ocorreu quatro dias depois. No dia seguinte, as autoridades turcas encontraram 43 quilos de cocaína e um equipamento usado para rastrear as drogas em duas bagagens no nome de Malak, esposa de Ahmed.

Após receber a informação, a Polícia Federal iniciou investigações e identificou um ônibus de passageiros com comportamento suspeito por meio de câmeras de segurança. O veículo teria saído do Aeroporto de Guarulhos a tarde e retornado apenas às 21h40, indo a uma parte do aeródromo que não possui vigilância. Uma carreta que leva as bagagens para aviões é observada entrando no mesmo local e aparece em outras imagens próxima ao avião que tinha como destino a cidade de Istambul.

“Não há nenhum indicativo de que o casal (Ahmed e Malak) estivesse envolvido no tráfico”, diz o delegado Felipe Lavareda. Um relatório da Polícia Federal sobre o caso também foi enviado à Justiça da Turquia.

A concessionária que administra o Aeroporto de Guarulhos, afirmou em comunicado que a responsabilidade do manuseio das bagagens é das companhias aéreas, mas não se pronunciou sobre a falta de câmeras de vigilância que pudessem identificar o ônibus suspeito e nem sobre a movimentação do veículo. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) requisitou que o estabelecimento instalasse novas medidas de segurança até dezembro, entre elas, o aumento de câmeras de segurança.

O julgamento de Ahmed está marcado para o dia 30 de novembro e a acusação também envolve Malak, que está na Líbia até o momento. A pena para este tipo de crime pode chegar a 30 anos de detenção. “Eu não posso ver minha família, não consigo tocar direito meus negócios, estou preso aqui”, comentou Ahmed. A defesa do homem acredita que as provas enviadas pela Polícia Federal são suficientes para evitar uma condenação.

Em março deste ano, duas brasileiras ficaram 38 dias detidas na Alemanha após terem as etiquetas de bagagens trocadas e colocadas em malas que carregavam drogas, em caso semelhante ao de Ahmed. Jeanne Paollini e Kátyna Baía só foram soltas porque imagens do Aeroporto de Guarulhos mostraram a ação criminosa de funcionários, na ocasião, 21 pessoas foram presas.