O fotógrafo da Agence France-Presse Abdullah Douma foi posto em liberdade nesta segunda-feira pela polícia da cidade líbia de Benghazi, onde estava detido há dois dias, embora seu documento de identidade permaneça confiscado e sua situação, incerta.
A cidade de Benghazi está sob o controle do Exército Nacional Líbio (ANL, em inglês) autoproclamado pelo marechal Khalifa Haftar, o homem forte deste país, que contesta a legitimidade do Governo de União Nacional (GNA, em inglês), com sede em Trípoli e reconhecido pela comunidade internacional.
A direção da AFP comemorou que Abdullah Douma tenha recuperado sua liberdade, mas pediu que as autoridades envolvidas ponham fim, o quanto antes, ao assédio que ele está sendo submetido.
Douma foi preso no sábado à noite durante uma inspeção em seu domicílio pelo órgão de luta antiterrorista de Benghazi, no leste do país. Foi interrogado sobre sua cobertura fotográfica para a AFP de um show público na presença de homens e mulheres jovens em uma universidade de Benghazi, em 25 de março.
O show em questão foi duramente criticado pela Awaqf, uma instância religiosa dependente das autoridades do leste, que o viram como “um insulto” ao Islã por encorajar a convivência entre homens e mulheres.
O fotógrafo foi colocado em liberdade “provisoriamente” no domingo à noite pela pressão de outros Serviços de Segurança da cidade, sem que mantivessem acusações contra ele.
Douma se apresentou novamente nesta segunda-feira ao quartel-general do órgão de luta antiterrorista, onde foi obrigado a assinar documentos que não pôde ler.
Depois, foi liberado graças à intervenção das Forças Especiais de Benghazi.
Entretanto, não foi permitido recuperar seu documento de identidade e continua sob a ameaça de uma nova prisão, segundo uma fonte dos Serviços de Segurança da cidade.
Um responsável de alto escalão das autoridades do leste assegurou na segunda-feira à AFP que ordenaram ao mais alto nível que abandonasse qualquer processo contra Douma.
Mas alguns membros do Serviço de Segurança, sob a influência do movimento salafista, parecem estar “fora do controle”, segundo este responsável.