A Libéria concordou em receber “temporariamente, e por razões humanitárias”, o salvadorenho Kilmar Ábrego García, ameaçado de expulsão dos Estados Unidos em um caso emblemático da política migratória de Donald Trump, anunciou a Presidência liberiana.
Em documento apresentado nesta sexta-feira (24) a um tribunal federal americano, o governo afirmou que busca deportar Ábrego García para a Libéria, “uma democracia próspera” que não consta da lista de países que seus defensores rejeitam totalmente como destino de expulsão.
O caso de Ábrego García se tornou um símbolo para aqueles que se opõem à política de deportações em massa de imigrantes de Trump sem o devido processo legal. Ele foi deportado erroneamente para El Salvador em março, e retornou para os Estados Unidos em junho. Em agosto, foi detido novamente por agentes do ICE em Baltimore.
A Libéria foi fundada em 1822, sob patrocínio dos Estados Unidos, como destino para os escravos negros libertados no país norte-americano.
Em comunicado no Facebook datado de sexta-feira e consultado hoje pela AFP, a Presidência da Libéria explica que decidiu receber Ábrego García “por uma razão estritamente humanitária e temporária, após um pedido oficial do governo dos Estados Unidos”.
O comunicado acrescenta que ele será recebido “em estreita coordenação com as autoridades liberianas competentes em segurança, imigração e justiça, e com parceiros internacionais, para garantir os mais altos padrões de segurança, transparência e tratamento humano”.
A Libéria garantiu que Ábrego García “não será reenviado para nenhum outro país onde possa correr risco de perseguição, tortura ou outros prejuízos”.
Segundo os documentos judiciais americanos, Ábrego García poderia ser expulso para a Libéria até 31 de outubro. O governo americano o acusa de ser um membro violento da gangue MS-13 envolvido em tráfico de pessoas, mas o salvadorenho nega ter cometido qualquer crime.
Em agosto, um juiz federal bloqueou uma tentativa de deportar Ábrego García, casado com uma cidadã americana, para Uganda.
O advogado do salvadorenho, Simón Sandoval-Moshenberg, criticou a decisão dos Estados Unidos de enviar seu cliente “para a Libéria, um país com o qual ele não tem nenhuma conexão, a milhares de quilômetros de sua família e do seu lar”.
“A Costa Rica está disposta a aceitá-lo como refugiado. No entanto, o governo escolheu um caminho calculado para infligir a ele o máximo sofrimento”, acrescentou Sandoval-Moshenberg.
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