Caramba, é tanta revolta, tanta indignação, tanto asco dos políticos e do jogo sujo da política, que fica até difícil saber por onde começar e como ordenar o pensamento e essas palavras a seguir. Mas acho que, primeiro, começarei pelos responsáveis, aliás, irresponsáveis, os protagonistas.

Arthur Lira, cujo processo por corrupção foi monocraticamente suspenso em Alagoas, e Ricardo Barros, o cara que a CPI da Covid associou ao escândalo do superfaturamento da tal covaxin. São estes dois exemplos nacionais de probidade que querem criminalizar os donos dos institutos de pesquisas e, sim!, prender os proprietários.

Olhem aqui: eu sou um democrata! De verdade, e não só quando me convém. Eu sou um liberal de fato, e não só quando me convém. Eu defendo a livre iniciativa, o livre mercado e quero as garras do Estado o mais longe possível dos meus negócios e de toda a iniciativa privada. Se meu produto é ruim, os consumidores me punam. Quem tem de julgar os institutos de pesquisas, pois, são os contratantes.

Mas como, né? Vocês sabiam que quem mais contrata pesquisa eleitoral no País são os próprios partidos políticos? Sim. Essa turma aí. O PL (Partido Liberal) – liberal? Taqueopariu! – do presidente Jair Bolsonaro é o que mais gastou dinheiro em pesquisas eleitorais. Dinheiro nosso, aliás. Em público, defendem a prisão dos empresários, no privado, superfaturam seus gastos e roubam nossa grana.

HOJE SÃO AS PESQUISAS, NÉ? BELEZA. MAS, E AMANHÃ?

Qual o próximo alvo dos fascistoides? A imprensa? Os economistas, que cravam aumento de juros de 1% nos EUA e vem 0.75%? Os analistas esportivos, quando disserem que o Galo tem 80% de chances de classificação para a Libertadores, mas o Alan Kardec furar – duas vezes!! – dentro da pequena área, e o Atlético ficar de fora?

Hoje não se abre uma padaria sem pesquisa, uma loja de carros. Não se constrói um shopping de bairro. O IBGE!! Vamos criminalizar os servidores do Instituto também? Lula e Bolsonaro não saem de Minas. Por quê? Porque, segundo as pesquisas, as eleições serão decididas aqui. Ora, elas não valem nada. São compradas, são manipuladas, são petistas, pô! O que vale é o Datapovo. Então por que tanto empenho nas Gerais?

É tão absurda, tão asquerosa, tão autoritária, tão nojenta essa lei… Além de inconstitucional, pois eu tenho o direito à informação, caramba! E não serão estes “merdas” de Lira e Barros, que irão me impedir de me informar quando e onde eu quiser. Nem eles nem esses deputados, igualmente de “merdas”, inclusive quem eu votei e admirava. Que tristeza! Para piorar o que já é catastrófico, há um claro desvio de finalidade nesse projeto.

Empresários, jornalistas, autônomos, advogados (meu Deus!) votando a favor disso? E os “liberais”? Só no Brasil o liberalismo é a favor da prisão de empresários por errarem o que nunca disseram (pesquisa não é prognóstico nem nunca foi). Ah, os caras querem proibir a divulgação de pesquisas também, mas eles, os políticos, e bancos, empresas, imprensa, enfim, todos poderão contratar e ter acesso à informação, menos o eleitor. Que lindo, né?

Aécio Neves – sim, Aécio Neves, do alto de seus espetaculares 85 mil votos – quer criar um “selo de qualidade” para os institutos. Que tal um selo de qualidade para sacolas de dinheiro também, hein, deputado?

As urnas não prestam, o TSE não presta, o Supremo não presta, o Congresso não presta (ops! Agora presta), a imprensa não presta, as pesquisas não prestam… Só Lira e Barros prestam! Só a turma deles tem a verdade. Só eles têm a virtude. Todo o resto é mentiroso, é manipulado, é vendido, é… comunista!

É inaceitável o que está acontecendo, e nunca é demais lembrar: a ex-presidente Dilma prometeu fazer o diabo para vencer as eleições. Fez e venceu! Mas sabemos como terminou.