O hexacampeão mundial de fórmula 1, Lewis Hamilton, é um ativista na luta contra o preconceito racial há anos. Ele já bateu boca com Bernie Ecclestone quando o ex-chefão da Fórmula disse que “negros são mais racistas do que os brancos”.

Também ficou ao lado do ex-jogador da NFL Colin Kaepernick, que em 2016 passou a se ajoelhar durante a execução do hino nacional dos Estados Unidos antes das partidas, em forma de manifestação, e foi afastado dos jogos – em solidariedade ao quarterback do San Francisco 49ers, Hamilton usou um capacete vermelho.

No último final de semana, o inglês, único piloto negro, mostrou ao mundo que a luta antirracista vai muito além das ruas.

Depois de liderar uma manifestação dos pilotos no grid de largada da primeira corrida da temporada, Grande Prêmio da Áustria, em homenagem a George Floyd, assassinado por um policial branco, no final de maio, em Mineápolis, nos Estados Unidos, Hamilton foi mais duro e denunciou que foi “silenciado pelo racismo” em tentativas anteriores de se posicionar sobre o problema.

“É um combate por igualdade, não se trata de política ou propaganda”, disse.

A iniciativa de Hamilton de sensibilizar o paddock para a causa gerou rusgas nos bastidores da Fórmula 1.

“Sendo completamente honesto, não me sinto confortável compartilhando meus pensamentos nas redes sociais”, declarou Charles Leclerc. O Piloto da Ferrari, de 22 anos, foi um dos seis pilotos que optaram por não se ajoelhar, ficando de pé com a cabeça abaixada. Todos, no entanto, vestiam uma camiseta com a mensagem ‘End Racism’ (Acabem com o Racismo).

“Eu expliquei que o silêncio se torna cúmplice. Há silêncio em alguns casos, mas acredito que isso faz parte do diálogo, do processo de compreensão, porque ainda há pessoas que não entendem o que está acontecendo e o motivo dos protestos, então vou continuar tentando ser um guia, uma influência para o máximo de pessoas que puder”, completou Hamilton.

A imprensa britânica questionou o atual campeão do mundo ainda antes da corrida do último domingo (5) sobre a intenção de se ajoelhar antes da prova. Hamilton respondeu não ter pensado sobre o assunto, mas que gostaria de protagonizar um gesto em conjunto com os outros 19 pilotos.

“A mensagem que passei foi sobre romper o silêncio e simplesmente agradeci aos que levantaram a voz e incentivaram outros a fazer o mesmo”, declarou Hamilton.