Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública, e Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro, anunciaram nesta quarta-feira, 29, a criação de um escritório emergencial de combate ao crime organizado no estado. A nova unidade administrativa será coordenada pelo secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, e pelo secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo.
A medida é uma reação à crise gerada pela Operação Contenção, deflagrada um dia antes nos complexos da Penha e do Alemão, que deixou 121 mortos — entre eles quatro agentes de segurança.
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Segundo Castro, o escritório foi criado para que as ações entre o governo estadual e o federal sejam integradas. “Na perspectiva de vencermos possíveis burocracias, integrarmos inteligências, respeitando as competências de cada órgão, mas tentando eliminar barreiras para que nós possamos, de fato, fazer uma segurança pública que atenda ao cidadão”, declarou o governador do Rio durante pronunciamento à imprensa após reunião com o ministro da Justiça no Palácio Guanabara, zona sul do Rio de Janeiro.
Castro negou que tenha cogitado o emprego da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). “Por parte do Governo do Estado nem se cogitou GLO. O assunto sobre a GLO só surgiu porque falei da necessidade de blindados. Sempre falei que a situação das forças do Rio de Janeiro são completamente diferentes de 2018. Eu não preciso que o governo federal venha aqui fazer o meu trabalho. O que precisamos é isso que está acontecendo, que cada um faça seu trabalho e ambos façamos em harmonia”, declarou ele.
Já o ministro ponderou que a aplicação da Garantia da Lei e da Ordem depende de o governo reconhecer a incapacidade das polícias em debelar uma situação de crime. “A GLO é uma operação excepcional em que as Forças Armadas comandam as forças de segurança local. Depende de uma solicitação do governador ou da autoridade local, que reconheça a incapacidade das forças locais para debelarem uma situação de crime. Não excluímos e nem recomendamos que se desencadeie uma GLO, depende das circunstâncias e do governador”, destacou.
Lewandowski se referiu à criação do escritório como um “força-tarefa”. “Esses escritórios surgem e são emergenciais, mas, tendo em vista o empenho de todos nós, haveremos de ter, em breve, bons resultados”, disse. “Vamos conjugar as forças federais com as forças estaduais. Esse escritório emergencial tem o sentido de não criar uma estrutura burocrática permanente. Forças irão conversar entre si até que a crise seja superada. Esse escritório é um ‘embrião’ do quer se criar com a PEC da Segurança Pública”, analisou o ministro.
Secretaria de Segurança atualiza para 121 o número de mortos em megaoperação no Rio
Nesta quarta-feira, 29, o secretário de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, delegado Felipe Curi, atualizou para 121 o número de mortos, incluindo quatro agentes, durante a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital, ocorrida no dia anterior. O número, no entanto, difere do balanço da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que afirma que ao menos 132 pessoas foram mortas. Segundo dados da secretaria, 113 pessoas foram presas e 10 adolescentes apreendidos.
O balanço oficial indica que a megaoperação superou a quantidade de mortos durante o “Massacre do Carandiru”, quando 111 detentos foram mortos na Casa de Detenção de São Paulo. Na ocasião, nenhum policial morreu.
A megaoperação conjunta das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro tinha o objetivo de cumprir 180 mandados de busca e apreensão e 100 mandados de prisão, sendo 30 expedidos pelo estado do Pará, parceiro na operação. A ação faz parte da Operação Contenção, um conjunto de medidas para conter o avanço do Comando Vermelho, concebida como uma iniciativa permanente do Governo do Estado do Rio de Janeiro.