O valor definitivo da devolução antecipada do pagamento de dívida do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com a União neste ano dependerá do ritmo da retomada da atividade econômica e de uma análise do balanço do banco, afirmou nesta terça-feira, 8, o novo presidente da instituição de fomento, Joaquim Levy.

“O exato valor da definição vai ser em função tanto das perspectivas de retomada da economia quanto desse melhor uso do nosso balanço”, afirmou Levy, em entrevista coletiva, após a cerimônia de transmissão de cargo, na sede do BNDES, no Rio. Levy evitou citar valores. Disse que não queria se antecipar, pois é preciso, antes, fazer um levantamento para definir as metas, tanto de desembolsos quanto de devoluções antecipadas da dívida com a União – conforme uma reestruturação da dívida firmada em julho do ano passado, o BNDES devolveria R$ 26,6 bilhões neste ano, mas a equipe do Ministério da Economia já sinalizou que quer mais e a devolução poderá chegar a R$ 100 bilhões.

Segundo ele, a tendência é que, com a análise para fazer “melhor uso do balanço”, o capital próprio se torne um fator chave. “Temos que ver quanto cada tipo de ativo ocupa do capital e se há maneira mais eficiente de usar o capital do banco”, afirmou Levy.

O “melhor uso do balanço” poderá incluir operações que representem maior risco ou novos instrumentos, como garantias. Também inclui ampliação das vendas das participações detidas pelo banco de fomento, principalmente por meio da empresa de participações BNDESPar.

Levy disse que a forma como o banco fará os desinvestimentos será definida, mas destacou que é preciso olhar o impacto, no mercado, das vendas da carteira bilionária do BNDES. “O momento é bom (para desinvestir), a gente tem visto a Bolsa evoluindo bem”, disse o novo presidente do banco.

Ao explicar a importância de focar o crédito às empresas de médio porte, Levy disse que a política monetária “é favorável”. “Quando houver aumento de demanda, a oferta terá capacidade de responder sem inflação”, afirmou o executivo.

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Questionado se o atual nível de desembolsos do BNDES – R$ 69,16 bilhões em 2018, menor patamar desde 1996, como revelou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, na sexta-feira – não poderia frear o crescimento quando a demanda retomar em ritmo mais acelerado, Levy disse que temos que “separar desembolsos de apoio”.

“Se eu usar outros instrumentos, como garantias, posso ter desembolsos com recursos privados, mas em que eu vou estar proporcionando parte da estrutura de financiamento”, afirmou Levy, sem citar valores. Ele frisou, porém, que, com o aumento da demanda avançando, a expansão do crédito poderá vir do setor privado. “Em projetos mais complexos, o BNDES tem um papel a cumprir”, disse Levy.


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