Leucemia mieloide: entenda doença que Afonso Roitman enfrentará em ‘Vale Tudo’

Doença de Afonso no remake da Globo expõe diferenças entre tipos de leucemia e reforça importância do diagnóstico precoce

Humberto Carrão interpreta Afonso Roitman no remake da novela 'Vale Tudo'
Humberto Carrão interpreta Afonso Roitman no remake da novela 'Vale Tudo' Foto: Globo/Manoella Mello

Nos próximos capítulos do remake da novela ‘Vale Tudo’, da Globo, a descoberta da leucemia mieloide abala Afonso Roitman, personagem interpretado pelo ator Humberto Carrão, e marca um ponto de virada na trama da família Roitman. A história emociona o público com cenas fortes e utiliza a doença como pano de fundo para conflitos familiares e revelações surpreendentes. Fora da ficção, o tema chama a atenção para um tipo de câncer que afeta as células da medula óssea, responsáveis pela produção dos glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas.

A condição pode se manifestar de duas formas principais: leucemia mieloide aguda (LMA) e leucemia mieloide crônica (LMC). De acordo com o médico hematologista Adriano de Moraes Arantes, especialista em transplante de medula óssea do Hospital Mater Dei Goiânia, os sinais e sintomas variam conforme o tipo da doença.

Diferenças entre LMA e LMC

“A leucemia mieloide aguda (LMA), em geral, se apresenta com sintomas que incluem fadiga, sangramento, infecção de repercussão sistêmica, febre, dor óssea e palidez. Na leucemia mieloide crônica (LMC), os sintomas mais comuns são fadiga, desconforto abdominal por aumento progressivo do baço, perda de peso, sudorese noturna, febre, saciedade precoce e, menos comumente, dor óssea, infecções ou sangramentos. Muitos casos são assintomáticos, detectados por exames de rotina. De forma geral, a LMA tem apresentação clínica com sintomas mais intensos e de instalação rápida, enquanto a LMC tem início mais lento e gradual. Na fase blástica da LMC, os sintomas são semelhantes aos da leucemia mieloide aguda”, explica a reportagem da IstoÉ Gente.

A principal diferença entre os dois tipos está no comportamento da doença. “A LMA é uma doença aguda, com progressão rápida, afetando células imaturas (blastos), e sintomas potencialmente graves, como os descritos acima. A LMC, em geral, tem características crônicas, com progressão lenta, sendo assintomática ou apresentando sintomas leves na fase inicial, sendo achado típico a presença do cromossomo Filadélfia na medula óssea e/ou a presença do transcrito BCR-ABL. Na fase blástica da LMC, há predomínio de células imaturas (blastos), como na LMA”, detalha o especialista.

Tratamentos disponíveis

O tratamento também varia entre os dois tipos. “A LMA é tratada com quimioterapia intensiva ou associada a drogas como anticorpos monoclonais ou drogas-alvo, agentes hipometilantes associados a inibidores de BCL-2 e, em casos de alto risco, o paciente deve ser encaminhado para transplante de medula óssea. No tratamento da LMC, utilizam-se inibidores de tirosina quinase (ex.: imatinibe) e, em casos de doença avançada ou com perda de resposta, utilizam-se outros inibidores de tirosina quinase (dasatinibe, nilotinibe, ponatinibe e asciminibe) e, potencialmente, transplante de medula óssea em casos selecionados. Em ambas as doenças, o prognóstico depende da idade, dos achados genéticos, da fase da doença, da resposta ao tratamento e da condição geral do paciente”, conclui.

Referências Bibliográficas

Adriano de Moraes Arantes - Médico hematologista e especialista em transplante de medula óssea do Hospital Mater Dei, em Goiânia. Vice-presidente do XXIX Congresso Brasileiro de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea.