Hoje, 2 de abril, é considerado o Dia do Autismo. A data, que foi criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), possui como o objetivo de tornar o assunto visível, assim como suas informações em torno da condição no ambiente social, e diminuir o preconceito sobre as pessoas que possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

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Em 2023, o apresentador  Danilo Gentili, 44 anos, aproveitou o espaço de seu programa “The Noite, do SBT, para revelar que foi diagnosticado com autismo no último ano. Na ocasião, ele, que entrevistava a podcaster Amanda Ramalho, contou que não fez mais exames para saber a gravidade de sua condição.

“Sabia que eu também fui diagnosticado? Tem um ano e pouco e eu fiz teste e me diagnosticaram com nível de espectro autista. Me falaram que eu precisaria fazer outros exames de acompanhamento para ver qual era o nível, mas eu não quis. Se eu sou autista não quero saber, já sou assim e já era”, disse Gentili.

Em setembro do mesmo ano, a atriz Letícia Sabatella, 53 anos, revelou seu diagnóstico de um grau leve do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que recebeu aos 52 anos de idade. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ela disse que chega a se sentir mal fisicamente em algumas situações, devido à hipersensibilidade, como diante do excesso de barulho, por exemplo, um dos sintomas típicos de quem pertence ao espectro.

Sabatella ainda contou sobre o alívio do diagnóstico, mesmo que tardio, após os 50 anos. “A sensação foi libertadora. Estou neste flerte de buscar a melhor compreensão sem desespero algum. Estou aprendendo sobre esse assunto. Sei sobre mim, intuitivamente. Esse é o valor de um bom diagnóstico. A pessoa que não se conhece é mais suscetível a ser oprimida”, relatou.

Embora o autismo seja identificado na maioria das vezes na infância, essa condição vem sendo diagnosticada com maior frequência em adultos.

Como diagnosticar autismo na fase adulta?

À IstoÉ Gente, o psicólogo Alexander Bez, que é especialista em relacionamentos pela universidade de Miami, ansiedade e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia, e em saúde mental, explicou tudo sobre o transtorno na fase adulta. Confira!

“O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que faz parte do desenvolvimento do sistema nervoso da pessoa. Atualmente, no mundo, 75 milhões de pessoas recebem esse diagnóstico, o que o torna uma condição mais comum do que se pensava, presente em uma parcela significativa da população”, começa o profissional.

“A crescente prevalência do TEA significa que existem mais recursos disponíveis para controlar e tratar a condição, tornando a vida diária dos pacientes mais gerenciável. No entanto, as manifestações dos sintomas podem ocorrer em idades variadas, embora um diagnóstico precoce tenda a melhorar a qualidade de vida do indivíduo”.

Qualquer pessoa pode ser diagnosticada com TEA?

Sim, qualquer pessoa, independentemente da idade, gênero ou origem é suscetível ao diagnóstico de TEA, contanto que apresente as características neurológicas e de desenvolvimento associadas.

É possível receber um diagnóstico de TEA tardiamente?

Sim, é possível. Embora os sintomas geralmente se manifestem antes dos 18 anos, alguns podem surgir mais tarde na vida, muitas vezes devido a estarem latentes e não terem sido reconhecidos ou tratados anteriormente.

Quais são as principais razões para o diagnóstico tardio?

Fatores como experiências traumáticas, conflitos diários e, especialmente, tarefas que sobrecarregam as habilidades da pessoa podem desencadear o aparecimento tardio dos sintomas, uma vez que essas situações podem sobrecarregar o sistema neurológico do indivíduo.

Existem diferentes níveis de gravidade dos sintomas do TEA?

Sim, existem. O TEA pode se manifestar de forma leve, moderada ou severa. Em casos mais leves, os sintomas podem passar despercebidos, tornando o diagnóstico mais desafiador e afetando a qualidade de vida da pessoa de forma não diagnosticada.

No caso de adultos, quais sintomas podem levar a um diagnóstico tardio?

  • Dificuldade em entender as opiniões e pensamentos dos outros;
  • Dificuldade em interpretar expressões faciais e corporais;
  • Dificuldade em regular as próprias emoções;
  • Dificuldade em manter conversas;
  • Tendência a comportamentos repetitivos e rotinas fixas;
  • Resistência à mudança e preferência por rotinas familiares;
  • Dificuldade em expressar sintomas (frequentemente mal interpretados como traços de personalidade);
  • Dificuldade em estabelecer relações sociais.

Como é realizado o diagnóstico em adultos?

O diagnóstico em adultos é baseado na observação dos sintomas apresentados. Isso envolve avaliações neurológicas, psiquiátricas e psicológicas, bem como a coleta de informações sobre o histórico genético, familiar e do desenvolvimento infantil durante a anamnese.

Como é tratado o TEA?

O tratamento para o autismo visa melhorar a qualidade de vida do paciente, minimizando suas dificuldades e maximizando suas habilidades. Ele envolve intervenções, terapias e psicoterapias adaptadas ao nível do espectro em que a pessoa se encontra. Isso visa tornar a pessoa mais funcional e reduzir seu sofrimento, com a possibilidade de uso de medicações ansiolíticas ou antipsicóticas, se necessário.