Lentidão da grama em Wimbledon é alvo de críticas dos tenistas

O mundo virou de ponta-cabeça. Segundo boa parte dos tenistas, a grama de Wimbledon, famosa no passado por sua velocidade, se tornou uma das superfícies mais lentas do circuito.

Já é conhecimento público, há cerca de 20 anos, que a grama londrina não é mais a preferida dos tenistas adeptos do ‘saque e voleio’ e que jogadores como Rafael Nadal, rei do saibro e mais confortável em trocas de bolas do fundo da quadra, poderiam até erguer o troféu do Grand Slam britânico, como aconteceu com o espanhol em 2008 e 2010.

Esta perda gradual de velocidade é um verdadeiro lamento para muitos tenistas, que criticam a organização por ter vendido a alma do torneio em troca de pontos mais longos durante as partidas.

– “Grand Slam mais lento” –

Mas daí a transformar Wimbledon no torneio mais lento do circuito… O primeiro a fazer esta afirmação foi o americano Denis Kudla, após sua vitória na primeira rodada, visivelmente decepcionado com o que constatou em quadra.

“É definitivamente o Grand Slam mais lento, e de longe. Essas quadras estão realmente muito lentas, é simplesmente doido”, afirmou.

Teria a grama londrina mudado tanto assim nos últimos anos? “Se você olhar as trocas de bola, elas estão mais curtas no US Open do que em Wimbledon, isso já diz muito a respeito do assunto”, afirmou Roger Federer, oito vezes campeão em Wimbledon e apenas uma vez em Roland Garros. “Eu acho que Wimbledon nunca foi o mais rápido”.

Argumentos que merecem alguma ponderação.

A grama foi por muito tempo considerada como a superfície mais rápida, com um quique baixo e uma bola que parece ganhar velocidade após o contato com o chão, quase obrigando os tenistas a terminar os pontos na rede. Uma superfície mais rápida até que as quadras duras de dois outros torneios de Grand Slam, o US Open e o Aberto da Austrália. Mas a evolução do jogo, das raquetes, da preparação das quadras e das bolas sacudiu essa hierarquia.

Outros jogadores confirmaram esta reviravolta das leis da superfície, certamente mais perceptível no início do torneio, quando as quadras ainda estão com a grama em boas condições. O belga Ruben Bemelmans (eliminado na estreia) teve a “impressão de jogar sobre saibro”. O francês Jérémy Chardy, eliminado nesta quarta-feira, afirmou nunca ter jogado “em superfície tão lenta”. O francês Gilles Simon, vencedor em três sets na estreia, foi mais longe: “As quadras, este ano, são uma catástrofe. Há anos que o saibro está mais rápido que a grama”.

– Opiniões não são unânimes –

As opiniões, porém, não são unânimes. O francês Corentin Moutet, que surpreendeu ao eliminar o ex-top 3 do mundo Grigor Dimitrov na primeira rodada, não concorda: “Para mim não parece saibro, é grama, é mais rápido, pelo menos em relação ao saibro”.

Para Lucas Pouille, a grama londrina “não é tão lenta”. “Simplesmente está mais difícil pontuar. Não temos o ‘timing’ na grama porque a bola quica mais baixo. Uma partida de três sets sobre saibro raramente dura 1h20”.

“Se fosse mais lento, haveria mais quebras. Mas isso também depende do saibro. Em Roland Garros é possível se ter a impressão de que está muito, muito rápido também. E a grama evolui. Daqui a 5 dias não será o mesmo torneio”, continuou Pouille.

Quem sabe, até lá, a grama do All England Club terá reencontrado suas virtudes.

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