O grupo pop sueco ABBA inicia uma série de shows em Londres na sexta-feira (27) com avatares digitais de última geração que “tomarão o lugar” dos quatro septuagenários da banda.

“Colocamos nossos corações e almas nesses avatares e eles tomarão o nosso lugar”, disse Björn Ulvaeus, um dos membros do quarteto escandinavo, à AFP em Estocolmo antes da estreia.

Após quase quatro décadas de silêncio e separação, o ABBA lançou em novembro um novo álbum (“Voyage”). O grupo também anunciou a construção de uma sala especial em Londres para um espetáculo digital preparado durante anos com especialistas em efeitos especiais.

Embora sejam as vozes atuais de Anni-Frid, Björn, Benny e Agnetha (sigla para “ABBA”) que serão ouvidas, não serão eles em carne e osso que serão vistos no palco, mas quatro “ABBAtars” transmitidos em holograma, retratando os membros do grupo com seus rostos de 1979.

Depois de outras experiências mistas de concertos de hologramas de artistas falecidos ou já aposentados, os quatro esperam ter encontrado desta vez a chave para transmitir a emoção.

“É um dos projetos mais ousados já feitos no mundo da música”, disse Björn Ulvaeus, que escreveu a maioria dos maiores sucessos da banda com seu parceiro Benny Andersson.

“Não tenho ideia do que o público vai achar, mas acho que vai sentir o poder emocional dos avatares, vê-lo como pessoas reais”, diz Björn, que aos 77 anos é o membro mais velho do ABBA.

Os movimentos dos septuagenários foram capturados em estúdio para serem reproduzidos no palco.

Embora os avatares às vezes apareçam nas roupas icônicas do ABBA dos anos 1970, eles também estarão vestidos com roupas futuristas, de acordo com os trailers do show.

Os shows estão programados sete dias por semana até o início de outubro, em um local de 3.000 lugares no leste de Londres (o “ABBA Arena”).

“Não sei quanto aos outros, mas no meu caso eu estava mais estressado há um mês do que hoje. Agora sei que demos o nosso melhor”, diz Björn.

– “Quase outra pessoa” –

Os quatro avatares foram desenvolvidos em colaboração com uma empresa de efeitos visuais de George Lucas, diretor da saga Star Wars.

Para Björn Ulvaeus, as onipresentes imagens de arquivo do ABBA o prepararam para encarar sua glória de 30 anos.

“Para a maioria das pessoas certamente será estranho, mas eu me vi como uma pessoa mais jovem quase todos os dias, toda a minha vida desde que nos separamos”, diz a estrela, que está lançando simultaneamente um espetáculo musical na Suécia dedicado a Fifi Brindacier .

“De uma forma ou de outra, na fotografia, na televisão, estou bastante acostumado com ‘ele’ (…). Sou eu, mas é quase outra pessoa”, diz um dos dois “B” do ABBA.

“Quando vejo meu avatar no palco, é como uma mistura. É como se eu tivesse uma vida infundida nesse cara que aparece na tela”, comenta.

Vencedor do Festival Eurovision da Canção de 1974, o ABBA alcançou sucesso mundial graças a suas canções como “Waterloo”, “Gimme! Gimme! Gimme! (A Man after Midnight)” e “The Winner Takes it All” até sua dissolução, no início dos anos 80.

Mas, para surpresa de todos, o sucesso da banda continuou após a separação, alimentado por “revivals” espirituosos como a série de filmes “Mamma Mia”.

Com centenas de milhões de discos vendidos em todo o mundo, o ABBA contribuiu muito para o sucesso da indústria musical sueca, que continua sendo o terceiro maior exportador de música, depois dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Em Londres, o público desfrutará de uma hora e meia de concerto, com a presença de uma dezena de músicos. Mas não há planos de ver o ABBA ao vivo novamente ou de lançar um novo álbum.

“O ABBA não tem planos… somos assim”, disse Björn Ulvaeus à AFP.