O leilão de transmissão realizado nesta sexta-feira, 15, representou um marco para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que organiza os certames deste segmento. Foi a primeira vez, desde pelo menos 2014, que o governo federal consegue conceder 100% dos lotes ofertados. Nos leilões anteriores – mesmo o último, realizado em abril, considerado um grande sucesso pelo poder concedente -, foi encerrado sem que todos os empreendimentos fossem concedidos.

“De 2014 para cá, apenas um leilão, do segundo Bipolo de Belo Monte, que foi só um lote, licitou todos os lotes, em todos os demais houve algum nível de lotes vazios”, disse o presidente da comissão especial de Licitação da Aneel, Romário de Oliveira Batista.

Ele também comentou que o deságio médio observado, da ordem de 40,46%, foi o maior registrado em muito tempo, mas não soube precisar. Segundo o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Fabio Lopes Alves, tal nível não era observado desde que a Eletrobras deixou de disputar os leilões de transmissão.

O elevado nível de desconto em relação à receita anual permitida (RAP) máxima estabelecida decorre da forte competição pelos projetos. Um total de 47 grupos – entre empresas e consórcios – se inscreveu para disputar os 11 lotes ofertados, sendo 14 deles estreantes em leilões de transmissão, incluindo empresas estrangeiras, como as indianas Adani Transmission e Power Grid Corporation of India e a chinesa Shandong Taikai Power Engineeering.

Nenhuma dessas estrangeiras conquistou um ativo – a única vencedora foi a indiana Sterlite Power Grid Ventures, que estreou no leilão passado. Mas entre as empresas nacionais há quatro estreantes: Construtora Quebec, EEN Energia e Participações, Montago Construtora e as companhias que formam o consórcio BR Energia/ENING Energia (BREnergia Energias Renováveis, Brasil Digital Telecomunicações e Ening Engenharia e Comércio), indicaram as autoridades.