Uma casa de leilões alemã anunciou, nesta segunda-feira (17), que anulou a venda de cartas, envelopes, cartões postais e certificados do período nazista, depois de críticas de uma organização de sobreviventes do campo de concentração de Auschwitz.
“Após as críticas que recebemos, cancelamos o leilão”, que deveria ocorrer neste dia, declarou em um comunicado a Ulrich Felzmann, com sede em Neuss, perto de Düsseldorf (oeste).
“Estamos conscientes de ter tomado uma má decisão (…) e lamentamos ter afetado os sentimentos de parentes das vítimas do terror nazista”, acrescentou o comunicado da casa de leilões, que afirma ter “adquirido” os artigos “de maneira correta no mercado”.
Essa decisão ocorre dois dias depois de um pedido do Comitê Internacional de Auschwitz para cancelar o leilão no qual, segundo seu vice-presidente Christoph Heubner, “a história e o sofrimento de todas as pessoas perseguidas e assassinadas pelos nazistas são utilizadas com fins comerciais”.
Segundo o comitê, esse leilão, denominado “Sistema do Terror 1935-1945”, tinha como objetivo vender cartas escritas por presos dos campos de concentração alemães a seus familiares, fichas da Gestapo e documentos “muito pessoais” que contam a história da perseguição e “a humilhação” das vítimas do regime nazista.
Muitos dos documentos tinham os nomes de algumas pessoas.
Para Heubner, os documentos “devem ser expostos em museus ou em exposições em locais de memória, e não serem reduzidos a mercadorias”.
Em 2016, o Conselho Central dos Judeus na Alemanha expressou sua indignação frente a um controverso leilão, que permitiu que um argentino adquirisse pertences dos nazistas.
Em 2019, a Associação Judaica Europeia se indignou com o leilão de objetos pessoais de Hitler, ao considerar que seriam adquiridos por admiradores do Terceiro Reich.
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