Leila Pereira voltou a direcionar críticas à Wtorre. Segundo a presidente do Palmeiras, a Real Arenas, empresa criada pela construtora para gerir o Allianz Parque, deve cerca de R$ 136 milhões ao clube, valor referente a repasses de receita pelo uso da arena palmeirense.

“O que posso dizer a vocês é que uma receita que seria muito relevante ao Palmeiras e não recebemos um centavo”, voltou a reclamar a dirigente em entrevista coletiva nesta terça-feira.

O caso está na Justiça de São Paulo e também na polícia, que apura crimes de apropriação indébita e associação criminosa a pedido do Palmeiras. O clube afirma que, desde que o Allianz Parque foi inaugurado, a Real Arenas só fez repasses em novembro e dezembro de 2014, e de janeiro a junho de 2015 (exceto maio). A construtora reconhece o débito, mas contesta o valor que está sendo cobrado.

Existe, internamente no Palmeiras, a preocupação de que a Wtorre deixe de fazer adequadamente a manutenção do estádio, que recebe anualmente centenas de eventos, entre jogos e apresentações musicais. “Daqui a 20 ou 25 anos, vão entregar o coliseu para a gente e não recebemos absolutamente nada”, ironizou Leila.

A presidente do Palmeiras afirmou não deixar ainda mais clara a situação de forma pública porque há cláusula de confidencialidade no contrato entre as partes. Ela citou os projetos da WTorre com rivais, como Santos, que terá uma nova Vila Belmiro, e o São Paulo. O MorumBis, tradicional estádio do time tricolor, passará por uma modernização.

“É uma empresa que está fechando com o São Paulo, com Santos, com o Maracanã, e não paga um centavo pro Palmeiras. Um centavo”, exclamou a dirigente palmeirense. E pelo andar da carruagem, vão entregar o Coliseu, não precisa nem ir para Roma”, repetiu. O Estadão procurou a WTorre e aguarda posicionamento da empresa.

ENTENDA O IMBRÓGLIO

Com o aval da presidente Leila Pereira e de uma junta de advogados especializados, o clube pede a apuração de possíveis crimes de apropriação indébita e associação criminosa, além do bloqueio de bens, valores e contas da Real Arenas e seus gestores, e a quebra do sigilo bancário da empresa desde novembro de 2014, ano do início da parceria e inauguração do estádio.

Segundo o Palmeiras, somente os valores de novembro e dezembro de 2014 e de janeiro a junho de 2015, exceto maio, foram pagos. A dívida é discutida na Justiça desde 2017, por meio de uma ação de execução de título extrajudicial. Como ainda não houve solução, a direção do clube fez a denúncia à polícia, que abriu um inquérito no 23º Distrito Policial de São Paulo (Perdizes) em maio do ano passado.

O valor é considerado incontroverso pelo Palmeiras, como consta no inquérito. A Real Arenas, por sua vez, contesta os números do débito.

O contrato firmado entre as partes prevê que o Palmeiras receba mensalmente valores referentes a receitas geradas no Allianz Parque com aluguéis para shows, exploração de áreas como restaurantes e estacionamentos, locações de cadeiras, camarotes e naming rigths. Trata-se de um valor progressivo. Como são 30 anos de parceria e o contrato começou a valer no ano de inauguração da arena, tem vigência até novembro de 2044.

Pela locação da arena para eventos e pela exploração de lojas, lanchonetes e estacionamento, o Palmeiras tem direito as seguintes porcentagens:

Até 5 anos da abertura do estádio: 20%

De 5 anos até 10 anos da abertura (fase atual): 25%

De 10 anos até 15 anos da abertura: 30%

De 15 anos até 20 anos da abertura: 35%

De 20 anos até 25 anos da abertura: 40%

De 25 anos até 30 anos da abertura: 45%

As porcentagens referentes ao aluguel de cadeiras e camarotes, além do Naming Right do estádio na Pompeia, são os seguintes:

Até 5 anos da abertura do estádio: 5%

De 5 anos até 10 anos da abertura (fase atual): 10%

De 10 anos até 15 anos da abertura: 15%

De 15 anos até 20 anos da abertura: 20%

De 20 anos até 25 anos da abertura: 25%

De 25 anos até 30 anos da abertura: 30%.