Um combate implacável
A reportagem de capa desta edição se debruça sobre um crime que chama atenção por uma série de características. A primeira – e óbvia – é a vítima em si e os traços da execução. Ruy Ferraz Fontes, policial aposentado, foi um agente da lei que transformou o combate ao crime organizado em obsessão. Dono de um currículo invejável na perseguição ao PCC, ele morreu desprotegido em meio a uma fuzilaria dentro de um automóvel popular perseguido por uma gangue alojada em uma SUV negra pelas ruas de Praia Grande, litoral paulista.
Como explica um policial entrevistado pelo repórter Leonardo Rodrigues, da IstoÉ, um crime assim é quase um recado dos bandidos para os agentes da lei que investigam e tentam desmantelar seus negócios: “Não mexam conosco, isso pode acontecer com vocês”. Não por acaso, o ataque aconteceu semanas depois da maior operação já deflagrada contra a organização criada nos presídios paulistas, estrangulando ramificações em empresas de combustível, lavagem de dinheiro por fintechs e potências da região da avenida Faria Lima, centro financeiro do país.
Ninguém em sã consciência acredita que é possível se combater tal realidade sem um esforço descomunal. O crime está infiltrado nas empresas, na polícia, nas instituições. O dinheiro sujo irriga relações, abre portas e cristaliza negócios que têm o único objetivo de gerar mais crime. Mas é preciso reagir. De forma dura, incansável e implacável.
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