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“Por favor, eu imploro, não me mate” – gritava a cabeleireira Tatiane da Silva. Seu ex-namorado deu fria e afiada resposta. Uma. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete facadas. O crime ilustra tragicamente o fato de a Lei Maria da Penha, que completou doze anos de existência na terça-feira 7, não ter mitigado a violência que homens praticam contra mulheres em todo o País (doze são assassinadas diariamente). Dados do CNJ exibem a doida e doída realidade: em 2016 foram registradas 402.695 agressões, número que, um ano depois, subiu para 452.988 casos. Qual o motivo recorrentemente alegado pelos algozes? É aquilo que os tolos chamam de “perfume do amor”: o ciúme. Tal perfume cheira, isso sim, à vela e à caixão (Freud ensinou que o ciúme é morbidade, não empatia). Tatiane foi morta na cidade mineira de Governador Valadares, e seu assassino (nome não revelado) afirmou: “senti ciúme”. Igual destino teve outra Tatiane, na cidade paranaense de Guarapuava: a advogada Tatiane Spitzner, espancada e, segundo a polícia, atirada pela janela do apartamento (quarto andar), do edifício em que morava com o marido, Luís Manvailer. Ele não queria a separação. Em Brasília, Jonas Zandoná foi preso após a sua companheira cair do terceiro andar do prédio – ele é supeito de tê-la defenestrado. No Rio de Janeiro, a lojista Simone de Souza, grávida, foi assassinada pelo marido, Anderson Silva: “tive cego ciúme”. Como todos as leis, também a Lei Maria da Penha não muda cultura enraigada nem temperamento possessivo. Se olhar nos olhos da tragédia é de fato dominá-la (Oduvaldo Viana Filho, em “Rasga coração”), olhemo-na de frente. No Brasil, homens seguem coisificando a mulher. Se ela tenta partir, Narciso perde o espelho. Então o quebra, então a mata. Essa cultura tem de ser extinta como se deve extinguir escorpiões dos monturos.

12 mulheres são assassinadas diariamente, em média, no Brasil

BRASIL
O fecha e abre da fronteira

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Duas medidas – uma jurídica, outra administrativa – tentaram mitigar a situação de Roraima diante da ininterrupta entrada de venezuelanos no estado. A 1ª Vara Federal decidiu barrar a imigração bloqueando a fronteira. Mais: determinou a vacinação compulsória dos que já estão em Boa Vista. No STF, a ministra Rosa Weber decidiu que a palavra final caberia ao TRF. O tribunal mandou reabrir a fronteira sob a alegação constitucional de que o seu fechamento “não reconhece o imigrante como igual ao brasileiro”. A governadora Suely Campos pediu que órgãos públicos não prestassem serviços sem a apresentação de passaporte. Os venezuelanos não têm tal documento. Diante de emergências na área da saúde, a Justiça derrubou a medida. Melhor assim.

EVENTO
Tecnologia na política

Gabriela Bilo

Dois brasileiros que se preocupam com o País estiveram juntos em São Paulo, na terça-feira 7, no maior evento nacional de tecnologia: o GovTech. Um deles é Geraldo Alckmin, candidato à Presidência da República, pelo PSDB. O outro é o apresentador Luciano Huck, da Rede Globo, que chegou a pensar em se candidatar, teve ampla aceitação popular nas pesquisas, mas preferiu seguir em sua carreira profissional. Huck comandou o GovTech, destinado à apresentação dos planos de governo dos cinco principais candidatos ao Planalto, na área tecnológica. Alckmin declarou que, se eleito, a sua gestão se valerá da “tecnologia para desburocratizar e destravar a economia”.

330 mil é o incrível número de armas registradas em poder de pessoas físicas. Isso em todo o País. É mais do que circula de armamentos na rede nacional de segurança privada: 24 mil. E, absurdamente, supera a quantidade de armas registradas que servem no Brasil a área da segurança pública: 24 mil

STF
11 – 4 = 7

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Crise econômica? Que crise? Racionalizar ao máximo o Orçamento de 2019? Que Orçamento? Há no País o desespero de cerca de 13 milhões de desempregados? Que desemprego? Para sete ministros do STF, a sensibilidade social não frequentou as suas preocupações na semana passada. Por sete votos a quatro, a Corte aprovou para si (possui constitucionalmente tal prerrogativa) o reajuste salarial de 16,38%. Se aprovado pelo Senado e ganhar o sim de Michel Temer, a remuneração de cada ministro passará de R$ 33.763,00 para R$ 39.293,23. Haverá impacto nos salários do Legislativo, do Executivo (federal e estaduais) e do Poder Judiciário. Só na Justiça Federal, o efeito cascata chega a R$ 717,1 milhões. Vivem no Brasil: Cármen Lúcia, Rosa Weber, Celso de Mello e Edson Fachin. Votaram contra.