Lei antidesmate da UE classifica Brasil como "risco padrão"

Lei antidesmate da UE classifica Brasil como "risco padrão"

"UECategoria influenciará rigor da aplicação da norma, que veta entrada de produtos de áreas recém-desmatadas. ONG lamenta que país não seja visto como de alto risco, citando Amazônia.A União Europeia (UE) está se preparando para começar a aplicar no dia 31 de dezembro sua lei antidesmatamento (EUDR, na sigla em inglês), que exigirá dos exportadores a apresentação de provas de que os produtos não provêm de áreas desmatadas de 2021 em diante.

A norma prevê que o rigor do controle dependerá do país onde fica o exportador, segundo uma classificação de risco elaborada pelo bloco, aprovada nesta segunda-feira (12/05). A lista ainda não foi oficialmente divulgada, mas vazou para a imprensa, e coloca o Brasil como um país de risco padrão, ao lado da Indonésia e Malásia.

Entre os países de baixo risco, estão todos os 27 membros da UE, além dos Estados Unidos e da China. Na outra ponta, são de risco alto países como a Rússia, Belarus e Coreia do Norte.

A classificação oficial será divulgada nas próximas semanas, mas já gerou reações de entidades ambientalistas – a inclusão do Brasil no patamar de risco médio, por exemplo, foi criticada pela ONG Global Witness, tendo em vista o desmatamento de áreas da Amazônia.

Em 2024, o ritmo do desmatamento caiu em todos os seis biomas do país, mas ainda equivale a cerca de 1,5 milhão de campos de futebol derrubados no ano.

Segundo a regulamentação da UE, empresas que importam produtos como cacau, café, soja, óleo de palma e madeira devem comprovar rastreabilidade por meio de dados de geolocalização fornecidos pelos agricultores e complementados por imagens de satélite.

Entrada em vigor da norma foi adiada

A ONG Global Witness lamentou na terça-feira que o Brasil não tenha sido classificado como de alto risco, já que "a crise do desmatamento afeta florestas críticas para o clima na Amazônia" – mas considerou que, apesar dos defeitos, a lei ainda é um passo na direção certa.

A eurodeputada francesa Marie Toussaint, do Partido Verde, também disse que ficou "surpresa com a classificação dos Estados Unidos, Indonésia e Brasil". "Vamos esperar para ver os critérios e se eles são objetivos", afirmou.

A nova regulamentação gerou forte oposição do setor do agronegócio e de vários países africanos, asiáticos e sul-americanos, preocupados com os custos adicionais que ela acarretará para agricultores, pecuaristas e operadores florestais.

Em função da pressão, a União Europeia adiou em um ano a entrada em vigor da lei – do final de 2024 para o final de 2025 – devido a pedidos do Brasil, dos Estados Unidos e da Alemanha, entre outros.

rc/bl (AFP, ots)