Cada eleição é uma eleição, repetem experientes políticos. A verticalização imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral anos atrás não vingou porque as coalizões de Brasília, para campanhas presidenciais, em muitos casos defrontam com os arranjos municipais – onde, já muito se viu, até chapa de DEM com PT Brasil adentro.

Não é diferente agora. As negociações para criação de federações em Brasília (no Congresso Nacional e para eleição presidencial neste ano) estão travadas porque a lei amarra as mesmas para o pleito de 2024. O que inviabiliza muitos – e muitos mesmo – acordos locais para daqui dois anos, quando os cenários, candidatos, caciques estarão em diferentes projetos e palanques.

As conversas, atualmente, giram em torno da composição de federações para a disputa das eleições presidenciais. No entanto, antes de baterem o martelo, líderes partidários avaliam cenários e implicações das alianças “engessadas” para as municipais de 2024. Em suma, PSB e PT podem fechar federação hoje, mas isso atrapalha candidaturas em várias capitais daqui a dois anos, para ambos os partidos, que têm expoentes locais com potenciais de votos, cada qual em sua legenda.

Por isso, apesar de afinidades entre algumas siglas, as federações ainda não foram e correm o risco de não serem oficializadas.

À Coluna, o advogado Joelson Dias, fundador da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), diz que a expectativa é de que as federações não sejam criadas apenas para fins eleitorais e que prestigiam a “identidade ideológica” entre partidos.

Conforme Joelson, “o STF já se manifestou no sentido de que tende a considerar que o prazo de duração é mesmo de quatro anos e, portanto, sua criação valerá também para as eleições subsequentes de 2024, sob pena de, em caso de desligamento antecipado, o partido se ver impedido de celebrar coligações para as eleições majoritárias”.

A conferir o saladão eleitoral – e as brigas também – que estão por vir.