Legisladores dos EUA prestes a votar colossal plano de bem-estar social de Biden

O presidente americano, Joe Biden, que emplacou uma vitória com a aprovação do seu plano de infraestrutura, espera repetir a façanha com o programa de reformas sociais e ambientais que começará a ser debatido pelos legisladores nesta quinta-feira (18).

A Câmara de Representantes aprovou no começo deste mês o projeto de lei bipartidário de infraestrutura de 1,2 trilhão de dólares, o maior pacote de obras públicas dos Estados Unidos desde que Dwight Eisenhower criou o sistema de rodovias interestaduais em 1956.

Os democratas na Câmara Baixa estão em vias de seguir por este caminho e também aprovar o pacote de “infraestrutura humana” de 1,75 trilhão de dólares ainda na noite desta quinta-feira. No entanto, enfrentam ventos desfavoráveis em meio ao aumento dos preços da gasolina e dos alimentos.

O plano, apelidado de “Build Back Better” (Reconstruir melhor), é “uma visão espetacular do futuro, uma ação transformadora e histórica em matéria de saúde, atenção familiar e clima, que representará uma diferença significativa na vida de milhões de americanos”, disse a presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, em carta endereçada a seus membros.

“Criará milhões de postos de trabalho bem remunerados, reduzirá os gastos para as famílias e cortará seus impostos, ao mesmo tempo em que fará com que os mais ricos e as grandes empresas paguem sua parte justa”.

Mas a preocupação com a espiral do custo de vida ofuscou a vitória legislativa do presidente, que percorre os Estados Unidos promovendo seu gigantesco plano de melhorias de rodovias e pontes.

A inflação anual subiu para 6,2% no mês passado, dando aos republicanos mais um argumento para atacar Biden em sua tentativa de recuperar as duas câmaras do Congresso nas eleições de meio de mandato do ano que vem.

Apenas 41% dos entrevistados em uma nova pesquisa da ABC News-Washington Post disseram aprovar o trabalho de Biden no cargo contra 53% que o desaprovaram.

Os democratas da Câmara de Representantes, que não podem se dar ao luxo de perder mais de três membros se quiserem vencer qualquer votação, demonstram otimismo em relação à sua capacidade de superar as disputas internas que turvaram o debate sobre o “Build Back Better” durante meses.

Um punhado de democratas de centro queria uma análise completa do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) para esclarecer o preço do pacote antes de aceitar o voto.

O CBO espera concluir este trabalho na sexta-feira. O mais provável, então, é que o plano seja submetido à votação essa noite ou no dia seguinte, embora alguns democratas pressionem seus colegas para que seja votado ainda nesta quinta-feira.

– Controlar a inflação –

Ainda que a Câmara de Representantes aprove o projeto de lei esta semana, seu caminho a percorrer será acidentado, visto que o Senado proporá novas redações e possivelmente não irá votá-lo antes de dezembro ou inclusive janeiro.

Os senadores democratas não podem perder um único voto em seu partido porque a Câmara alta está dividida pela metade. Por isso, cada um dos legisladores desta bancada tem de fato um poder de veto sobre qualquer lei enquanto os republicanos se mantiverem unidos.

Por um lado, os progressistas das duas câmaras impulsionam um programa nacional de licença maternidade remunerada e uma expansão maior dos serviços de saúde, embora os últimos dados da inflação possam prejudicar estes esforços.

Por outro lado, o senador pela Virgília Ocidental Joe Manchin, que se posicionou como o maior obstáculo da bancada democrata para que a legislação chegue à mesa de Biden, informou ser contrário à licença maternidade, um dos pontos mais populares do pacote.

Além disso, Manchin defendeu que os democratas deveriam frear os gastos até que a inflação esteja sob controle.

“Nossa lei ‘Build Back Better’ ajudará a impulsionar o crescimento econômico no longo prazo através de um crescimento maior da produtividade e da mão de obra, e não acrescentará pressões inflacionárias à economia”, garantiu em um comunicado a vice-presidente, Kamala Harris, em resposta a este argumento.